Estudo prevê inverno nuclear de 10 anos em caso de nova guerra

Uma simulação mostra que até 150 milhões de toneladas de fuligem poderiam ser lançadas na atmosfera, provocando resfriamento global, colapso agrícola e crises sociais duradouras.

Um conflito nuclear global poderia resultar em 360 milhões de mortes diretas, segundo pesquisas realizadas por cientistas da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Uma guerra entre Rússia e Estados Unidos poderia desencadear um inverno nuclear capaz de devastar a biosfera terrestre e provocar uma drástica redução na produção agrícola, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista IOP Science.

"Uma guerra nuclear envolvendo 15 países, incluindo Estados Unidos e Rússia, poderia causar 360 milhões de mortes diretas. Os efeitos de longo prazo na atmosfera após um conflito nuclear provavelmente desencadeariam um inverno nuclear que duraria mais de uma década", afirmam os pesquisadores.

Segundo a pesquisa, as consequências desse tipo de confronto incluiriam a liberação de até 150 milhões de toneladas de fuligem na atmosfera, causando "um resfriamento prolongado, colapso agrícola e distúrbios sociais em escala sem precedentes".

A radiação solar e as chuvas poderiam cair até 70% em todo o planeta, o que levaria a uma queda de mais de 15 °C na temperatura média do ar.

Os cientistas focaram na produção anual de milho e apontaram que a queda poderia chegar a 80%. De acordo com as estimativas, seriam necessários de sete a doze anos para restaurar os níveis de produção agrícola.

"As guerras nucleares causariam uma perda incalculável de vidas e de recursos genéticos, além de um inverno nuclear prolongado que reduziria a área agrícola e a produtividade por vários anos. Uma interrupção severa nas cadeias de suprimento e no comércio pode agravar ainda mais essa perda de produtividade, provocando fome em escala regional ou global. À medida que o clima se recupera, a alta radiação UV-B poderia causar danos adicionais às plantações, cujos efeitos se manifestariam anos após o conflito nuclear", apontam os autores.

Para preservar a segurança alimentar nesse cenário, os cientistas propõem a criação de um "kit de resiliência agrícola".

"Esse kit incluiria uma combinação de sementes adaptadas à região e ao clima, que poderiam ser distribuídas estrategicamente para mitigar a incerteza enquanto as cadeias de suprimento são restabelecidas, além de informações específicas sobre técnicas de cultivo e uma ferramenta de apoio à tomada de decisão", explicam.