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Quase metade dos brasileiros prefere aliança com o BRICS a parceria com os Estados Unidos

Pesquisa aponta liderança do BRICS, com maior adesão entre mulheres, nordestinos e grupos que apoiam o governo atual.
Quase metade dos brasileiros prefere aliança com o BRICS a parceria com os Estados UnidosRafa Neddermeyer/Brics Brasil/PR

Cerca de 44% dos brasileiros acreditam que o país deveria se alinhar mais proximamente ao BRICS, segundo a pesquisa Latam Pulse, realizada pela Atlas Intel em parceria com a Bloomberg.

O levantamento, divulgado nesta sexta-feira (30), considerou o cenário de tensões comerciais globais e mostra uma tendência de apoio ao agrupamento formado por economias emergentes.

Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar na preferência dos brasileiros, com 36,9%, seguidos por China (4%) e União Europeia (3%). A Rússia não foi citada de forma isolada, e 11,3% dos entrevistados disseram que o Brasil deveria evitar alinhamentos automáticos.

A maior adesão ao BRICS é registrada entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com 78,5% declarando apoio ao bloco. Entre os que votaram em Jair Bolsonaro, o percentual cai para 0,8%.

A pesquisa também mostra diferenças regionais: no Nordeste, 57,7% preferem o BRICS, contra 39,3% no Sudeste. No Sul, os Estados Unidos lideram com 50,4% de apoio.

Do ponto de vista de gênero, 45,4% das mulheres e 43,1% dos homens disseram preferir um maior alinhamento ao BRICS. Na faixa etária de 60 a 100 anos, o apoio ao bloco atinge 60,3%. O índice também é elevado entre mulheres de 45 a 59 anos, com 60,7% favoráveis à aproximação com o grupo.

Religiosos também aparecem como maioria entre os defensores do BRICS: 60,7% dos católicos, 45,7% dos evangélicos e 52,6% dos crentes sem religião preferem que o país siga essa linha. Entre agnósticos ou ateus, o apoio ao bloco é ainda mais elevado: 77,6%.

Em relação ao nível de escolaridade, a preferência pelo BRICS é mais expressiva entre pessoas com ensino superior (47,9%), mas também aparece entre os que têm ensino médio (39,4%) e fundamental (47,2%).

Já no recorte por renda familiar, o maior apoio ao BRICS está entre os entrevistados com renda acima de R$ 10 mil (50%), seguidos pelos que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil (48,6%) e de R$ 3 mil a R$ 5 mil (48%).

Presidência brasileira no BRICS

O Brasil ocupa a presidência rotativa do BRICS até 31 de dezembro e estabeleceu cinco prioridades para o período:

  • Facilitar comércio e investimentos entre os membros, por meio de sistemas próprios de pagamento;

  • Promover governança inclusiva da Inteligência Artificial;

  • Ampliar os mecanismos de financiamento climático, em articulação com a COP 30;

  • Incentivar a cooperação entre países do Sul Global, com foco em saúde pública;

  • Reforçar a estrutura institucional do bloco.

O país lidera as reuniões dos grupos de trabalho e é responsável por coordenar a agenda política do bloco. A Cúpula dos BRICS está marcada para julho, no Rio de Janeiro, e mais de 100 reuniões estão previstas até lá, principalmente em Brasília.

O BRICS conta com dez membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

Na última cúpula, em outubro de 2024, o grupo confirmou convites para 13 novos países, incluindo Turquia, Indonésia, Cuba e Nigéria.