Crescimento do Brasil no 1º trimestre de 2025 supera o de EUA, União Europeia e G7

Aumento de 1,4% do PIB brasileiro superou o de potências tradicionais como EUA, Japão e Alemanha.

A atividade econômica brasileira registrou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2024, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desempenho colocou o Brasil entre os países que mais avançaram no início de 2025, superando todas as economias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da União Europeia e do G7.

O G7 é composto pelas sete nações mais industrializadas do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Trata-se de um grupo que historicamente concentra o poder econômico e político global, e cujo desempenho costuma ser visto como um termômetro da economia mundial.

Impulsionado principalmente pelo setor do agronegócio, o resultado brasileiro contrastou com o desempenho dessas principais economias. A OCDE registrou alta de apenas 0,1% no mesmo período, desacelerando em relação ao trimestre anterior, quando o crescimento foi de 0,5%.

"A taxa geral de crescimento do PIB também desacelerou para o G7 no primeiro trimestre, de 2025, de 0,4% para 0,1%, refletindo um quadro misto entre os países do grupo", informou a OCDE em comunicado oficial. A zona do euro e a União Europeia registraram crescimento de 0,3% cada.

Entre os países da OCDE que já divulgaram seus resultados do PIB, 17 apresentaram desaceleração. Em quatro desses, houve retração da atividade econômica.

Segundo o IBGE, o crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre de 2025 frente ao trimestre anterior foi puxado pelo desempenho expressivo da agropecuária, que avançou 12,2%. Também houve crescimento nos Serviços (0,3%), enquanto a Indústria (-0,1%) apresentou estabilidade.

No detalhamento setorial, entre as atividades industriais, as indústrias de transformação (-1,0%) e a construção (-0,8%) recuaram, enquanto eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (1,5%) e as indústrias extrativas (2,1%) registraram crescimento.

Nos Serviços, destacaram-se: informação e comunicação (3,0%), outras atividades de serviços (0,8%) e atividades imobiliárias (0,8%). Também houve altas em administração pública (0,6%) e comércio (0,3%). O setor financeiro ficou estável (0,1%) e transporte, armazenagem e correio recuaram (-0,6%).

Crescimento do PIB brasileiro supera o dos Estados Unidos e desafia economias tradicionais

O crescimento brasileiro também foi superior ao dos Estados Unidos, cuja economia recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2025.

Segundo a OCDE, o resultado foi impactado pelo aumento de 10,8% nas importações de bens, reflexo das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No trimestre anterior, as importações haviam caído 1,3%.

"O aumento nas importações de bens dos EUA, provavelmente influenciado por mudanças antecipadas nas tarifas comerciais, foi o principal obstáculo ao crescimento", informou a OCDE.

Empresas norte-americanas ampliaram suas compras externas para reforçar estoques e tentar se antecipar aos reajustes tarifários. Esse movimento já é observado no Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), que subiu de 50,6 em abril para 52,1 em maio, segundo a S&P Global.

"Pelo menos parte da recuperação em maio pode estar ligada ao fato de as empresas e seus clientes terem procurado se antecipar a outras possíveis questões relacionadas a tarifas, principalmente o potencial para futuros aumentos de tarifas depois que a pausa de 90 dias expirar em julho", afirmou Chris Williamson, economista-chefe da S&P Global Market Intelligence à agência Reuters.

China lidera crescimento global no início de 2025

Apesar do avanço brasileiro, a China apresentou o maior crescimento entre os parceiros econômicos do país. A segunda maior economia do mundo cresceu 5,4% entre janeiro e março.

O desempenho foi impulsionado pela intensificação das exportações e também como resposta antecipada ao tarifaço dos EUA.

Com as empresas buscando se proteger das novas tarifas, as exportações chinesas aumentaram consideravelmente, o que refletiu diretamente no Produto Interno Bruto chinês no período.