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Reino Unido quer enviar tropas ao Ártico para conter avanço da Rússia

Londres teme ser relegada a um mero espectador na disputa pelo Ártico, um território que considera vital para sua economia e segurança em face das mudanças no cenário geopolítico.
Reino Unido quer enviar tropas ao Ártico para conter avanço da RússiaSputnik / Ilya Timin

A próxima revisão estratégica de defesa do governo do Reino Unido pode incluir a instalação de um contingente militar permanente no Ártico, em resposta à crescente presença da Rússia na região, informou o jornal britânico The Telegraph nesta quarta-feira (28).

Segundo a publicação, a medida seguiria o modelo já aplicado na Estônia, onde Londres mantém cerca de 900 soldados como parte de um batalhão da OTAN para reforçar o flanco oriental da aliança. Atualmente, esse é o maior destacamento permanente do Reino Unido no exterior.

O ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, afirmou que o Ártico está se tornando uma arena de "intensa competição geopolítica" e uma frente estratégica para as defesas da OTAN, enquanto a Rússia fortalece sua presença militar na área há anos.

Lammy acrescentou que o derretimento das calotas de gelo deve abrir novas rotas marítimas e expor recursos naturais, o que aumenta "o risco de confronto". "É por isso que devemos tomar medidas para deter as ameaças no Ártico", declarou.

Consolidação da posição no Ártico

Anthony Heron, do Royal United Services Institute (RUSI), disse que, apesar de o Reino Unido se apresentar como "o vizinho mais próximo do Ártico", corre o risco de ser relegado a espectador em uma disputa que afeta diretamente sua segurança nacional e estabilidade econômica.

Ed Arnold, também do RUSI, destacou que as autoridades britânicas precisam investir em armamentos e tratar o tema "com seriedade" para "potencialmente garantir" a "supremacia no Ártico" no longo prazo.

Ele defendeu que as forças navais ocidentais avancem de exercícios pontuais para uma presença operacional contínua, o que exigirá um aumento na frota de navios.

A revisão estratégica de defesa, encomendada por Keir Starmer logo após assumir o cargo de primeiro-ministro em julho do ano passado, vai se concentrar nas possíveis "ameaças enfrentadas pelo Reino Unido".

Rússia contradiz a OTAN

Em março, Vladislav Maslennikov, diretor do Departamento de Problemas Europeus do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, declarou que a OTAN tem criado ameaças adicionais à segurança de Moscou no Ártico com sua expansão na região.

"A adesão da Finlândia e da Suécia à Aliança do Atlântico Norte e a consequente presença crescente da OTAN na região levaram a um aumento da tensão político-militar”, disse Maslennikov, acrescentando que as atividades de treinamento da OTAN próximas das fronteiras ao norte da Rússia devem se intensificar, conforme os planos atualizados do Pentágono para o Ártico.