Japão impõe restrições a 'nomes criativos' de crianças para evitar excessos e constrangimentos

As autoridades passaram a vetar pronúncias incomuns nos registros, para evitar extravagâncias como "Nike", "Pikachu" e "Diabo".

Nesta semana, entraram em vigor no Japão novas regras limitando a liberdade dos pais na escolha dos nomes dos filhos. A medida exige que a pronúncia dos caracteres kanji seja previamente aprovada pelas autoridades locais, barrando leituras muito incomuns ou polêmicas.

A mudança visa conter a popularização dos chamados nomes kirakira — termo que significa "brilhante" ou "reluzente" em japonês —, uma tendência que cresce desde os anos 1990. Muitos pais têm optado por nomes extravagantes, inspirados em personagens de desenhos, marcas ou termos estrangeiros, como Pikachu, Naiki (similar a "Nike"), Kitty e até Akuma ("Diabo"), causando confusão em registros públicos e situações constrangedoras nas escolas.

Agora, apenas as pronúncias oficialmente reconhecidas para os cerca de 3 mil kanjis permitidos por lei serão aceitas. O governo japonês argumenta que a medida facilitará a digitalização de documentos e evitará interpretações ambíguas. Se a leitura do nome fugir do padrão, os pais deverão justificar a escolha por escrito. Caso não seja aprovada, será necessário apresentar uma alternativa mais convencional.

As autoridades afirmam que o objetivo não é proibir o uso dos kanjis, mas garantir que as pronúncias sejam compreensíveis e dentro do uso comum. Nomes como Ōjisama ("Príncipe") e Daiya ("Diamante") estão entre os que geraram controvérsia nos últimos anos.

Apesar das críticas de que a medida limita a expressão individual, muitos defensores argumentam que é necessário equilibrar criatividade e funcionalidade em uma sociedade com forte pressão por conformidade.