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Candidato anti-OTAN romeno anuncia saída da política após ter vitória anulada e ser preso

Calin Georgescu chegou a afirmar que a aliança militar estaria tentando usar a Romênia como "porta de entrada" para começar a "Terceira Guerra Mundial" com a Rússia.
Candidato anti-OTAN romeno anuncia saída da política após ter vitória anulada e ser presoGettyimages.ru / Andrei Pungovschi

Calin Georgescu, candidato independente que venceu o primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia em 2024 com um discurso crítico à OTAN, anunciou que pretende se retirar da política.

A decisão ocorre meses após uma sequência de ações das autoridades eleitorais romenas contra sua candidatura, incluindo a anulação de sua vitóriainelegibilidade e prisão.

Prevista inicialmente para ocorrer no final de 2024, a eleição presidencial romena mergulhou o país em uma crise política. Georgescu superou a candidata pró-Ocidente Elena Lasconi, da União Salve a Romênia (USR), com 22,9% dos votos, contra 19,17%.

Considerado alguém fora da política tradicional, sua campanha foi marcada pelo uso intenso das redes sociais, especialmente o TikTok, onde ganhou visibilidade rapidamente, fator que surpreendeu as pesquisas de opinião.

No entanto, poucos dias após o resultado, começaram os questionamentos sobre sua candidatura. O Tribunal Constitucional da Romênia recebeu pedidos de anulação da eleição, com base em documentos desclassificados pelo Conselho Supremo de Defesa Nacional.

Esses documentos alegavam que a campanha de Georgescu teria sido fruto de uma "manipulação orquestrada de fora do país". A decisão do tribunal foi definitiva e resultou na anulação oficial da votação.

Com isso, o governo foi encarregado de definir uma nova data para o pleito. A Comissão Europeia, por sua vez, chegou a ameaçar o TikTok com uma investigação sobre o papel da plataforma nas eleições romenas, dada a centralidade do aplicativo na estratégia de campanha de Georgescu.

Apesar das acusações iniciais de que ele seria pró-Rússia, a Agência Nacional de Administração Fiscal da Romênia descartou qualquer indício de interferência externa direta na eleição.

Após a anulação do resultado, Georgescu passou a ser alvo de ações judiciais. Em fevereiro de 2025, foi detido pelas autoridades romenas e liberado posteriormente sob liberdade condicional, com restrições de movimento.

Durante o processo, ele criticou duramente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirmando que a aliança estaria tentando transformar a Romênia em uma "porta de entrada" para uma Terceira Guerra Mundial contra a Rússia.

Nas eleições suplementares realizadas em maio de 2025, Georgescu foi oficialmente impedido de concorrer. O novo presidente, Nicusor Dan, tomou posse após vencer George Simion, também um político crítico à União Europeia e à OTAN.