A Groenlândia está considerando atrair investimentos da China para impulsionar seu setor de mineração. A informação foi confirmada pela ministra de Negócios e Recursos Minerais da ilha autônoma, Naaja Nathanielsen, ao portal Financial Times.
Segundo ela, o cenário geopolítico atual, somado à baixa participação da União Europeia e à postura dos Estados Unidos, leva o governo groenlandês a reavaliar suas alianças internacionais.
"Estamos tentando entender como será a nova ordem mundial", afirmou Nathanielsen, observando que a Groenlândia está "tendo dificuldades para encontrar seu lugar" nas relações com os aliados ocidentais.
Localizada no Ártico e parte do Reino da Dinamarca, a Groenlândia possui grandes reservas minerais, como ouro e cobre. Embora o governo autônomo deseje atrair empresas estrangeiras para sua exploração, tensões internacionais dificultam parcerias confiáveis.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, a ilha assinou um memorando de entendimento com os Estados Unidos para o desenvolvimento do setor mineral. Contudo, esse acordo está perto de expirar, e o governo em Nuuk não conseguiu renová-lo durante a presidência de Joe Biden.
Com o retorno de Trump ao poder em janeiro deste ano, a expectativa era retomar o diálogo. Mas, segundo Nathanielsen, em vez disso, o presidente norte-americano voltou a falar em comprar a Groenlândia e se recusou a descartar o uso de força militar para estabelecer soberania dos EUA sobre a ilha.
Nathanielsen classificou essas declarações como "desrespeitosas e de mau gosto", acrescentando que a Groenlândia não tem desejo de se tornar americana.
Com participação ativa em projetos de energia na Rússia e interesse crescente no potencial mineral do Ártico, incluindo petróleo, gás e minérios, a China é vista como uma possível parceira.
Atualmente, não há empresas chinesas operando minas ativas na Groenlândia, embora uma possua participação minoritária em um projeto inativo. A ministra acredita que investidores chineses evitam avançar por cautela: "Eles não querem provocar nada".
Ela relativizou que, "nesses termos, o investimento chinês é, claro, problemático, mas também, em certa medida, o americano".
A preferência da Groenlândia, segundo Nathanielsen, seria estreitar os laços com a União Europeia, que compartilha mais afinidades com a política ambiental do país. No entanto, a participação do bloco tem sido lenta: apenas um projeto, liderado por um consórcio dinamarquês-francês, está em andamento e deve começar a operar em até cinco anos.
Atualmente, a Groenlândia conta com apenas duas minas em funcionamento: uma de ouro, operada pela empresa islandesa-canadense Amaroq Minerals, e outra de anortosito, uma rocha industrial de coloração clara, administrada por uma subsidiária da canadense Hudson Resources.