O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que a União Europeia consideraria suspender o repasse de fundos à Eslováquia, caso o país continue a se afastar dos princípios compartilhados pelo bloco, divulgou o site Bloomberg. A declaração foi feita durante a conferência WDR Europaforum, nesta segunda-feira (26), e incluiu também críticas à Hungria, que já enfrenta a suspensão da maior parte dos seus financiamentos advindos da Europa devido a "preocupações com o Estado de Direito".
Segundo Merz, os Estados-membros que "desrespeitam as normas democráticas" podem ser processados por infração, e "há sempre a opção de retirar-lhes fundos europeus. [...] Se for necessário, lidaremos com isso", afirmou, deixando claro o comprometimento da Alemanha em endurecer sua postura contra os dois países.
A Hungria tem recebido forte atenção da UE, especialmente após a proposta de uma lei que limita o financiamento a organizações da sociedade civil e veículos de comunicação que recebem recursos estrangeiros. O governo húngaro defendeu a medida como forma de proteger a soberania nacional.
Na Eslováquia, o governo do primeiro-ministro Robert Fico tem provocado preocupação em Bruxelas por meio de uma retórica cresentemente opositora à UE. O país estreitou seus laços com a Hungria e adotou posições críticas em relação à Ucrânia, inclusive após uma visita recente de Fico a Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin.
A Alemanha, parceira econômica fundamental para ambas as nações, especialmente no setor automotivo com empresas como a Volkswagen, exerce papel crucial no comércio regional. Entretanto, o ministro da Economia da Hungria, Marton Nagy, sugeriu que seu país precisa reconsiderar a dependência excessiva da economia alemã.
Merz também destacou que a resistência de Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, tem atrasado o apoio da UE à Ucrânia e a imposição de sanções contra a Rússia. De acordo com o chanceler, "não podemos permitir que as decisões da União Europeia sejam determinadas por uma pequena minoria".
Ele advertiu ainda que "certamente poderá haver palavras mais claras e possivelmente conflitos mais difíceis" caso o atual cenário persista.