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Justiça derruba decisão contra Harvard que alegava ‘ameaça comunista’; China denuncia perseguição

Atualmente, a instituição de ensino conta com quase 6.800 estudantes internacionais, representando 27% do total de matriculados no ano letivo vigente.
Justiça derruba decisão contra Harvard que alegava ‘ameaça comunista’; China denuncia perseguiçãoDavid L. Ryan/The Boston Globe via Getty Images

A Justiça dos Estados Unidos bloqueou, nesta sexta-feira (23), a decisão do governo de Donald Trump que proibia a Universidade Harvard de manter estudantes estrangeiros matriculados. Com essa medida, os alunos internacionais que estudam ou pretendem estudar na instituição continuam autorizados a obter visto de estudante para permanecer no país.

A proibição havia se tornado um ponto central no embate entre Harvard e o governo Trump. Em seu processo judicial, a universidade enfatizou a importância dos estudantes estrangeiros para sua identidade e funcionamento. "Sem seus alunos internacionais, Harvard não é Harvard", afirmou a instituição, que possui 389 anos de história.

Atualmente, a universidade conta com quase 6.800 estudantes internacionais, representando 27% do total de matriculados no ano letivo vigente. A decisão da Justiça reverte, portanto, uma das medidas mais duras do governo Trump contra a comunidade acadêmica estrangeira nos Estados Unidos.

China reage

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, reagiu nesta sexta-feira (23) à medida de Trump, antes de sua derrubada. Em uma conferência de imprensa, demonstrou firme oposição à decisão do presidente, qualificando-a como uma politização indevida da cooperação educacional que prejudica a "sua própria imagem e reputação no mundo".

Mao Ning ressaltou que a colaboração acadêmica entre os dois países historicamente tem trazido benefícios mútuos e alertou para os riscos de se utilizar o ensino superior como ferramenta de disputas políticas. Segundo a porta-voz, a China sempre "protegerá firmemente os direitos e interesses legítimos e legais dos estudantes e acadêmicos chineses no exterior".

Entenda o caso

Na última quinta-feira (22), o governo dos EUA revogou a certificação da Universidade Harvard no Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP). Com isso, a instituição foi proibida de matricular novos estudantes estrangeiros, em uma medida considerada retaliação às recentes manifestações pró-Palestina ocorridas no campus.

A secretária do DHS, Kristi Noem, justificou a decisão afirmando que Harvard estaria "fomentando violência, antissemitismo e cooperando com o Partido Comunista Chinês em seu campus". Segundo ela, boa parte dos manifestantes envolvidos nessas mobilizações seriam estudantes estrangeiros.

Em abril, o governo Trump já havia congelado US$ 2,2 bilhões em repasses federais destinados a universidade.