
'Não existe futuro para uma empresa de petróleo sem exploração', defende presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, deu uma entrevista ao jornal Valor Econômico, divulgada nesta sexta-feira (23), na qual defendeu a exploração de petróleo pela estatal na "Margem Equatorial", localizada entre a costa do Amapá e do Rio Grande do Norte.
"Não existe futuro para uma empresa de petróleo sem exploração", garantiu Chambriard, ressaltando que o plano de emergência individual enviado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é o maior de seu tipo em águas profundas e ultraprofundas.
Ela afirmou que sempre acreditou que a licença ambiental para perfuração na região seria liberada, declarando ainda que a Petrobras tem o dever de sanar todas as obrigações e condicionantes ambientais.

"E se a Petrobras, que é a maior empresa do país, não conseguir cumprir as condicionantes, quem é que vai cumprir?", apontou.
"Infortúnio"
Magda abordou a confusão promovida pelo nome da região na qual estimam haver poços para exploração, na foz do rio Amazonas. Para ela, a denominação causa a impressão de que a perfuração seria realizada próxima à terra firme, distorcendo a percepção pública sobre o projeto
"A área que estamos pretendendo furar fica a 540 quilômetros da ilha do Marajó, que está na foz do rio Amazonas. É duas vezes a distância do pré-sal para a praia de Copacabana. E se a gente confia na Petrobras para perfurar no pré-sal, em frente à Angra dos Reis, à praia de Copacabana, por que não confiar para perfurar no Amapá?", questionou a presidente.
Exploração na África
A presidente também defendeu que a estatal deve intensificar a exploração petrolífera para superar a queda do preço do petróleo. "Vamos explorar no Brasil e fora dele, onde tiver oportunidade no nosso nicho de negócios, que são águas profundas e ultraprofundas", declarou.
Nesse sentido, argumentou que a expertise da empresa na exploração da margem atlântica brasileira pode ser utilizada para a exploração de petróleo na costa africana atlântica, sendo um "ponto de interesse" da empresa.
"Estamos olhando. Isso não é um objeto de prateleira, exige esforço, estudos, alocação de bens de serviços para chegar a essa conclusão", comunicou Chambriard, defendendo que a importância da Petrobras para o Brasil leva a necessidade de repor a produção petrolífera "onde Brasil e o mundo tiverem para nos oferecer".
Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores da Nigeria, Yusuf Tuggar, declarou que a estatal brasileira está "muito interessada" em retomar suas operações no país. De acordo com o chanceler, a Petrobras deseja atuar "em uma área de fronteira em águas profundas" na costa do país da África Ocidental, após ter cessado suas operações na região há 10 anos atrás.
Slogan de Trump
O veículo brasileiro questionou Chambriard sobre a utilização de um slogan associado ao presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma palestra nos Estados Unidos. A presidente defendeu-se, afirmando que as palavras foram uma coincidência motivada pelo contexto.
"Não poderia dizer: ‘Vamos perfurar [em português] porque eu estava nos Estados Unidos. Lá perfurar é: 'Let's drill'", explicou.
Na ocasião, estavam presentes o governador do Amapá, Clésio Luís, e outras personalidades do estado brasileiro interessados no desenvolvimento da região.
"Eu estava ali olhando para o governador Clécio e disse: 'Governador, nós não temos razão nenhuma para não perfurar. Nós temos aqui a obrigação de olhar, sim, o potencial do Brasil, o potencial do Amapá, e a obrigação de fazer isso em benefício da sociedade do Amapá e da sociedade brasileira. É isso que estamos fazendo. O papel de uma estatal é ajudar o desenvolvimento do país", declarou Chambriard.

