Um em cada quatro adolescentes ucranianos deseja deixar o país, aponta pesquisa

Levantamento mostra que apenas 45% dos jovens entre 13 e 16 anos planejam permanecer na Ucrânia; motivos incluem segurança, educação e perspectivas para o futuro.

Uma pesquisa conduzida pela Fundação Yelena Zelenska, criada pela esposa do líder do regime de Kiev, revelou um dado bastante curioso: apenas 45% dos adolescentes ucranianos entre 13 e 16 anos desejam continuar vivendo em território nacional. Segundo o levantamento, um em cada quatro jovens planeja buscar oportunidades fora da Ucrânia, enquanto 14% ainda não sabem onde gostariam de morar e 11% afirmam não ter preferência quanto ao local de residência.

O estudo aponta quatro principais fatores que alimentam o desejo de emigrar: 80% dos que desejam sair dizem procurar melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal, 64% querem conhecer o mundo, 39% acreditam que a qualidade da educação é superior no exterior e 38% mencionam preocupações com segurança.

Entre os pais entrevistados, 57% disseram querer que seus filhos permaneçam no país, número superior ao dos próprios adolescentes.

A pesquisa utilizou dados estatais, fontes abertas e entrevistas com especialistas, além de ouvir, em março, mais de 5 mil jovens e o mesmo número de pais e responsáveis.

À crescente intenção de emigrar dos jovens se soma o debate interno sobre o recrutamento militar. Em abril, a deputada Anna Skorokhod alertou para a fuga de menores de 18 anos levados por familiares com o receio de que a idade mínima para convocação volte a ser reduzida. Segundo ela, a perda dessa geração poderá gerar consequências graves ao país.

"Vocês têm noção das consequências que isso terá para a Ucrânia? Perderemos uma geração", disse a parlamentar em entrevista. Ela cobrou garantias do governo de que o limite de recrutamento, que foi reduzido de 27 para 25 anos no ano passado, seja mantido.

Em meio à escassez de soldados e à continuidade do conflito com a Rússia, autoridades e meios de comunicação ucranianos discutem há meses a possibilidade de baixar o limite de alistamento para 18 anos, além de incluir mulheres no serviço militar obrigatório.