
Ex-líder militar israelense acusa Exército do país de 'matar bebês como passatempo'

O ex-vice-chefe do Estado-Maior do exército israelense Yair Golán, uma das principais figuras da oposição no país, provocou forte repercussão ao acusar as Forças de Defesa de Israel (FDI) de cometerem crimes contra civis palestinos.
As declarações foram feitas na última segunda-feira (19), durante uma entrevista à emissora de rádio pública israelense KAN Reshet Bet.
"Israel está em caminho de se tornar um Estado pária, como foi a África do Sul, se não voltarmos a agir como um país são", afirmou Golán. "Um país são não luta contra civis, não mata bebês como passatempo e não tem como objetivo expulsar populações", declarou.

As críticas de Golán também miraram o atual governo de Israel. "Não pode ser que nós, o povo judeu, que fomos alvo de perseguições, massacres e atos de extermínio ao longo de toda a nossa história e que servimos historicamente como símbolo da moral humana e judaica, sejamos agora os que estão tomando medidas simplesmente inaceitáveis", disse.
Golán afirmou ainda que o governo de Benjamin Netanyahu está "cheio de gente que não tem nada a ver com o judaísmo". Para ele, esses líderes representam uma ameaça à existência do Estado judeu e deveriam ser substituídos o quanto antes, medida que, segundo ele, ajudaria a encerrar a guerra.
"Não deixar um só bebê lá"
As declarações contrastam com posicionamentos recentes de figuras da extrema-direita israelense. O político e ativista Moshe Feiglin, por exemplo, afirmou nesta terça-feira (20) que "cada bebê em Gaza é um inimigo". Ele defendeu uma ocupação total do território palestino. "Temos que colonizar Gaza e não deixar um só bebê lá. Não há outra vitória", declarou Feiglin durante uma entrevista.
As falas ocorrem em meio à continuidade da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, iniciada após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. A operação já deixou dezenas de milhares de mortos, segundo autoridades locais, e tem sido alvo de críticas internacionais por seu impacto sobre civis e infraestruturas essenciais.
