A agência climática da ONU, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), emitiu nesta terça-feira um "alerta vermelho" sobre o aquecimento global, citando aumentos recordes em 2023 para vários indicadores de mudanças climáticas, como níveis de gases de efeito estufa, temperaturas de superfície e da água, derretimento das geleiras e do gelo marinho.
Segundo o relatório, intitulado Estado do Clima Global, há uma "alta probabilidade" de que 2024 seja outro ano de calor recorde, e alertou que os esforços do mundo para reverter a tendência têm sido inadequados.
"Esse relatório anual mostra que a crise climática é o desafio definitivo que a humanidade enfrenta", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, em uma coletiva de imprensa em Genebra. "Nunca estivemos tão perto —embora temporariamente neste momento— do limite inferior de 1,5°C do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas", acrescentou.
A OMM confirmou que 2023 foi o ano mais quente já registado, com uma temperatura global média de 1,45°C, com uma margem de incerteza de 0,12 graus Celsius, acima do nível pré-industrial.
"A comunidade da OMM está soando o alerta vermelho para o mundo", advertiu Saulo.
O relatório ainda chamou a atenção para o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar aguda em todo o mundo, observando que as condições meteorológicas extremas, o impacto das ondas de calor, inundações, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais, "prejudicam o desenvolvimento socioeconómico" e foi sentido nas vidas e nos meios de subsistência em todos os continentes em 2023.
"A crise climática está intimamente ligada à crise da desigualdade —como testemunhado pela crescente insegurança alimentar, deslocamento populacional e perda de biodiversidade", disse Saulo.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o relatório mostra um planeta à "beira do abismo".
"A Terra está emitindo um pedido de socorro", declarou.