
Brasil avança em testes de vacina totalmente nacional contra Covid-19

Especialistas deram um passo crucial rumo à aprovação da primeira vacina brasileira contra a Covid-19 desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais, a SpiN-TEC, finalizando, pela primeira vez, a segunda fase dos ensaios, informou recentemente a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A última fase dos testes da SpiN-TEC é planejada para o início de 2026, com mais de 5 mil voluntários de todas as regiões do país. A previsão é que, se aprovada, a vacina seja submetida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda em 2026.
Um feito da ciência brasileira
Coordenado pelo CTVacinas/UFMG e pela Fiocruz Minas, com investimento de R$ 140 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o projeto superou desafios técnicos e burocráticos.
"O desenvolvimento da vacina SpiN-TEC é um marco histórico para a ciência brasileira. Pela primeira vez, o Brasil foi capaz de desenvolver uma vacina para uso em humanos com tecnologia totalmente nacional, desde a pesquisa básica até os ensaios clínicos", enfatizou Thiago Moraes, coordenador-geral de Ciências da Saúde do MCTI.
O professor Ricardo Gazzinelli, líder do projeto, ressaltou que houve também obstáculos no caminho de sucesso. "Tivemos que montar laboratórios, formar equipes especializadas e criar uma nova cultura em tempo real. Cada etapa foi uma vitória", afirmou.
Gazzinelli também admitiu que o Brasil ainda precisa avançar em ensaios clínicos de fase 1.
Tecnologia inovadora e autonomia nacional
Enquanto vacinas tradicionais focam em bloquear a entrada do vírus nas células (estratégia vulnerável a mutações), a SpiN-TEC adota uma abordagem pioneira:
Prepara células saudáveis para resistir à infecção;
Destrói células já infectadas, impedindo a replicação viral.
Essa tecnologia mostrou-se promissora contra variantes em testes preliminares.
Além da eficácia, a SpiN-TEC oferece estabilidade em geladeira comum, facilitando armazenamento em regiões remotas, e pode ser vendida a custo reduzido, com produção totalmente nacional, sem dependência de insumos externos.
Para Gazzinelli, o projeto é um símbolo de autonomia. "Esse projeto mostra que o Brasil é capaz de desenvolver uma vacina desde a concepção até a aplicação no braço dos pacientes", enfatizou.

