O assessor da presidência russa, Yuri Ushakov, revelou mais detalhes sobre a conversa telefônica desta segunda-feira (19) entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo norte-americano, Donald Trump.
Segundo o funcionário, o diálogo foi longo, durando duas horas e cinco minutos. Putin iniciou a conversa felicitando Trump pelo nacimento de seu 11º neto, desejando saúde ao recém-nascido e à filha do presidente dos EUA.
Ushakov classificou a conversa como "franca e construtiva", detalhando que ocorreu "com respeito mútuo". Os líderes discutiram o estado das relações russo-americanas, e se pronunciaram a favor de uma maior normalização das mesmas.
"Donald Trump vê a Rússia como um dos sócios mais importantes para os Estados Unidos nos âmbitos comercial e econômico", enfatizou o assessor. Além disso, os mandatários falaram sobre a troca de prisioneiros, discutindo planos para trocar cidadãos em um modelo nove por nove, acrescentou o assessor.
"Os presidentes não falaram de prazos para um possível futuro cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, embora Trump tenha insistido, como é lógico, em seu interesse em alcançar algum tipo de acordo o mais cedo possível", afirmou Ushakov.
O assessor também comentou sobre o fator emocional envolvido na chamada telefônica. "Houve muitas digressões, por isso a conversa foi tão longa, ademais da tradução. Porém os digo que é raro ocorrer diálogos tão longos quando nenhum dos dois queria terminar a conversa, nenhum deles queria desligar o telefone se é que posso dizer assim", relatou. "Trump disse: 'Vladimir, você pode pegar o telefone a qualquer momento, e eu terei prazer em atendê-lo, de conversar com você'. Esse final também caracteriza a natureza da conversa que ocorreu entre os líderes", acrescentou.
Anteriormente, o presidente russo afirmou à imprensa que o diálogo foi "franco e informativo", e agradeceu ao seu homólogo pelo apoio à retomada das negociações diretas entre Moscou e Kiev. Além disso, apontou que é necessário "identificar os caminhos mais eficazes" para a paz.
"Concordamos com o presidente dos EUA que a Rússia proporá e está pronta para trabalhar com o lado ucraniano em um acordo sobre um possível futuro tratado de paz que defina uma série de posições, como, por exemplo, os princípios do acordo, as datas de um possível acordo de paz e assim por diante, incluindo um possível cessar-fogo por um determinado período de tempo se acordos apropriados forem alcançados", continuou Putin.
A retomada dos diálogos em Istambul demonstra que as partes estão seguindo, no geral, o "caminho certo", na visão do presidente da Rússia.
Logo após a conversa entre Putin e Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assegurou que a posição de Trump é neutra e aborda questões da resolução do conflito, comparando-o com políticos europeus flagrantemente pró-ucranianos. Segundo o funcionário, uma mediação real só pode ser realizada por uma parte que assuma uma posição equidistante às partes em conflito.