
Inadimplência atinge recorde histórico no Brasil e afeta quase metade dos adultos

Quatro em cada dez brasileiros adultos (42,36%) estavam inademplentes em abril de 2025, totalizando 70,29 milhões de consumidores negativados, revelou um estudo recente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
O número, que bateu recorde histórico, representa um aumento de 4,59% em relação ao mesmo período do ano passado (2024), segundo o Indicador de Inadimplência da CNDL e SPC.

Os dados mostram ainda que, de março para abril de 2025, o número de inadimplentes subiu 1,09%, reforçando uma tendência de deterioração financeira que preocupa especialistas.
Perfil do endividado
A faixa etária mais afetada é a de 30 a 39 anos: 23,73% dos negativados estão nesse grupo, o equivalente a 17,38 milhões de pessoas. São 51,21% dos brasileiros dessa idade com dívidas.
A distribuição por gênero é equilibrada, com leve predominância feminina: 51,11% são mulheres e 48,89% são homens.
A maioria de negativados são da região Centro-Oeste, com 46,12% da população adulta inadimplente. Em contraste, o Sul tem o menor índice (37,85%). Em termos de crescimento de dívidas, o Centro-Oeste também se destaca: alta de 13,64% ante abril de 2024, seguido por Norte (8,65%), Sudeste (8,16%), Sul (6,49%) e Nordeste (6,28%).
Dívidas bancárias são pelo menos 6 vezes maiores do que as demais
Cada brasileiro negativado deve, em média, R$ 4.689,54, com cerca de 2,18 empresas credoras por pessoa. As dívidas com bancos são as mais expressivas, representando 66,95% do total. Em seguida, aparecem contas de água e luz (9,78%) e comércio (9,64%).
Embora o setor bancário tenha registrado alta de 12,41% no número de dívidas em atraso em um ano, houve queda nas pendências com água e luz (-5,32%) e comércio (-2,03%).
Especialistas alertam: crise exige ação estrutural
Para Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, o recorde de inadimplência não será resolvido somente com "abordagem estruturada" como do poder público, tanto das instituições financeiras.
"Parte da solução está na educação financeira, mas é indispensável que o governo atue para promover maior estabilidade econômica, com políticas de controle da inflação que não dependam exclusivamente do aumento da taxa de juros — medida que, embora eficiente no combate à inflação, tem efeito colateral perverso sobre o crédito e o consumo popular", defendeu.
"A combinação de preços elevados em itens essenciais, o alto nível de endividamento das famílias e a trajetória de alta da taxa básica de juros contribuem diretamente para o agravamento desse cenário preocupante", destacou o presidente da CNDL, José César da Costa.

