O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, nas siglas em inglês) determinou que médicos em todo o país colaborem na identificação de indivíduos que receberam transfusões de sangue nas duas décadas anteriores a 1996. Essa iniciativa, divulgada nesta segunda-feira (19), visa localizar pacientes que possam ter contraído hepatite C devido à transfusão de sangue contaminado.
"As falhas do escândalo do sangue contaminado tiveram um impacto horrível para os pacientes e suas famílias durante décadas, e eu gostaria de reiterar nossas mais profundas desculpas pelo papel que o serviço de saúde desempenhou no sofrimento e na perda de tantas pessoas", afirmou Stephen Powis, diretor médico do NHS, citado pela imprensa local.
Uma das vítimas é Maureen Arkley, que faleceu no ano passado, diagnosticada com hepatite C e cirrose hepática em 2023, mais de 40 anos depois de ter feito uma operação que envolveu várias transfusões de sangue. As transfusões constavam de seus registros médicos, mas ela não foi informada pelo seu médico e nem por ninguém do NHS de que poderia ter sido exposta ao vírus.
Escândalo de proporções gigantescas
Cerca de 400.000 pessoas nascidas antes de 1996 que visitam consultórios médicos anualmente serão questionadas sobre a possibilidade de terem recebido transfusões antes desse ano. Caso a resposta seja afirmativa, elas terão a oportunidade de realizar um teste de triagem para hepatite C. O NHS disponibilizará kits discretos de autoteste que poderão ser utilizados em casa, além da opção de realizar o teste em consultórios médicos, clínicas de saúde sexual e outras instituições de saúde.
Há um ano, um relatório revelou que o governo do Reino Unido e o NHS ocultaram a verdade sobre um escândalo de transfusão de sangue contaminado que levou mais de 30.000 pessoas a contrair HIV e hepatite C entre a década de 1970 e o início da década de 1990. As autoridades também destruíram deliberadamente documentos sobre o escândalo.
O NHS ressalta que a hepatite C é causada por um vírus que geralmente não apresenta sintomas perceptíveis até que o fígado, o órgão que ele infecta, já esteja seriamente danificado. Isso significa que muitas pessoas estão infectadas sem ter conhecimento disso. Em longo prazo, o vírus pode causar danos graves e potencialmente fatais ao fígado. Entretanto, uma vez diagnosticada, a hepatite C é tratável, e mais de 9 em cada 10 pacientes são curados da doença.