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Trump diz que China e Walmart deveriam 'comer as tarifas' em vez de aumentar os preços

Presidente dos EUA critica gigante do varejo por alertar sobre aumento no valor de produtos.
Trump diz que China e Walmart deveriam 'comer as tarifas' em vez de aumentar os preçosGettyimages.ru / Win McNamee

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica neste sábado (17) ao atacar publicamente a Walmart, maior rede varejista do país. Anteriormente, a empresa alertou que os preços de diversos produtos, de bananas a assentos infantis para carros, podem subir por causa das tarifas de importação criadas durante o governo Trump.

Para o presidente norte-americano, quem deve arcar com esses custos são a própria empresa e os fabricantes chineses, não os consumidores norte-americanos. Em publicação na rede social Truth Social, Trump afirmou que o Walmart deveria absorver os impactos das tarifas, em vez de usá-las como justificativa para aumentar os preços.

"Walmart deveria parar de tentar culpar as tarifas como motivo para aumentar os preços em toda a cadeia", escreveu Trump. Lucraram bilhões de dólares no ano passado, muito mais do que o esperado. Entre a Walmart e a China, eles deveriam, como dizem, 'comer as tarifas' e não cobrar nada dos valiosos clientes. Estarei de olho e seus clientes também!!!", continuou. 

Walmart reage: "há um limite"

Na quinta-feira (15), em uma entrevista à CNBC, o diretor financeiro do Walmart, John David Rainey, explicou que a empresa tem tentado manter os preços baixos, mas que isso está ficando cada vez mais difícil com o aumento dos custos de importação.

Ele deu um exemplo concreto: assentos infantis fabricados na China que hoje custam 350 dólares poderão subir 100 dólares por causa das tarifas, um aumento de quase 30%.

"Estamos preparados para manter os preços baixos, mas há um limite para o que podemos suportar - ou qualquer varejista, nesse caso", disse Rainey.

Empresas na mira de Trump

Essa não é a primeira vez que Trump ataca empresas americanas por causa de sua política tarifária. Montadoras de carros, por exemplo, também foram pressionadas a não aumentar seus preços, mesmo quando a alta das tarifas encarece a produção.

No ano passado, o CEO do Walmart, Doug McMillon, chegou a se reunir com Trump na Casa Branca, junto com outros executivos do varejo, para alertar sobre os impactos negativos das tarifas. Ainda assim, o governo manteve a estratégia.

Além da China, Trump também impôs tarifas pesadas a produtos do México e do Canadá, alegando preocupações com imigração ilegal e tráfico de drogas. A relação com os dois maiores parceiros comerciais dos EUA ficou abalada.

Incerteza econômica

As mudanças constantes nas tarifas e os recuos de Trump sobre os valores cobrados vêm deixando a economia americana em clima de insegurança. O presidente do Banco Central dos EUA (Federal Reserve), Jerome Powell, decidiu manter os juros básicos congelados até que o cenário se torne mais previsível. Powell já declarou que as tarifas podem aumentar os preços e frear o crescimento da economia.

Mesmo assim, Trump voltou a pressionar Powell neste sábado. Em nova postagem na Truth Social, escreveu: "Muito tarde Powell, um homem lendário por sempre estar atrasado, provavelmente vai estragar tudo de novo – Mas quem sabe???"