
Europa pode gastar até 1 trilhão de dólares se EUA saírem da OTAN, diz estudo britânico

Se os Estados Unidos decidissem deixar a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a Europa teria que desembolsar até 1 trilhão de dólares e levar um quarto de século para cobrir o vazio militar deixado por Washington.
É o que aponta um relatório divulgado na quinta-feira (15) pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), sediado no Reino Unido. Segundo o estudo, além da imensa quantia necessária, a substituição dos EUA exigiria uma reorganização completa da estrutura de defesa europeia.

O valor inclui entre 226 bilhões e 344 bilhões de dólares apenas em custos de aquisição de equipamentos. O item mais caro da "lista de compras" seriam 400 aviões táticos de combate, seguido por 20 destróieres e 24 sistemas de mísseis terra-ar de longo alcance.
O relatório destaca ainda que, para compensar a saída americana, os países europeus, inclusive o Reino Unido, teriam que substituir cerca de 128 mil soldados dos EUA.
Também seria necessário desenvolver ou adquirir uma vasta gama de sistemas de armas e estruturas de comando hoje fornecidos pelo Pentágono, principalmente para as operações aéreas e navais.
Mas os desafios não param na parte material. O IISS chama atenção para os chamados "custos intangíveis", e igualmente críticos, como as funções de comando e controle, o acesso a informações de inteligência obtidas via satélite e os postos de liderança de alto escalão, que atualmente são ocupados majoritariamente por oficiais norte-americanos.
Outro ponto-chave do estudo é a dependência da vontade política dos países europeus para aumentar os orçamentos de defesa. Segundo o relatório, nem todos os membros da OTAN estariam dispostos a bancar esse custo, o que poderia gerar divisões internas na aliança.
Essa tensão já se reflete na Alemanha. A recente declaração do novo chefe do Ministério das Relações Exteriores, Johann Wadephul, afirmando que o país está disposto a ampliar seus gastos militares, gerou polêmica até dentro do próprio governo alemão.
Fundada em 1949, a OTAN é uma aliança militar intergovernamental criada inicialmente para conter a influência da União Soviética durante a Guerra Fria. Hoje, conta com 32 países-membros, sendo os EUA o maior contribuinte financeiro e militar. A possível retirada estadunidense é vista por especialistas como uma ameaça existencial para a estrutura da organização.

