Israel intensifica ataques e inicia nova ofensiva em Gaza; 115 palestinos morrem em um dia

Exército diz que bombardeios são o começo da ampliação da guerra; ONU denuncia limpeza étnica na Faixa de Gaza.

Israel lançou nesta sexta-feira (16) uma nova série de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, matando pelo menos 115 palestinos desde o amanhecer de acordo com a Al Jazeera.

Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), os bombardeios fazem parte das "primeiras movimentações" de uma ofensiva ampliada contra o território palestino, batizada de Operação Carruagens de Gideão.

Em comunicado divulgado em inglês, o exército afirmou que os ataques fazem parte das "preparações para expandir" a campanha militar em Gaza. O objetivo declarado seria "cumprir os objetivos da guerra": libertar os israelenses mantidos em cativeiro e "desmantelar o Hamas".

Apesar da retórica, a ofensiva israelense, que já dura mais de 19 meses, não conseguiu eliminar o grupo palestino. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem sido duramente criticado dentro de Israel, inclusive por familiares de reféns, por recusar acordos de cessar-fogo que poderiam viabilizar a libertação dos cativos.

A escalada também se estendeu ao Iêmen. Autoridades de saúde locais informaram que ao menos uma pessoa morreu e outras nove ficaram feridas em bombardeios israelenses nos portos de Hodeidah e as-Salif, áreas controladas pelos houthis, grupo alinhado ao Irã.

Mortes se acumulam 

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ao menos 53.119 palestinos foram mortos desde o início da guerra em outubro de 2023, além de 119.919 feridos.

Já o Escritório de Mídia do Governo atualizou os dados e afirma que o número de mortos em Gaza ultrapassa 61.700, contando milhares de desaparecidos sob os escombros que são considerados mortos presumidos. Do lado israelense, os ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 resultaram na morte de 1.139 pessoas e na captura de mais de 200, segundo autoridades locais.

ONU acusa Israel de "limpeza étnica"

A nova fase da ofensiva foi duramente criticada pela comunidade internacional. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou os ataques como uma tentativa deliberada de deslocamento permanente da população palestina, o que caracterizaria uma limpeza étnica.

"Essa nova onda de bombardeios… e a negação de assistência humanitária mostram que há um movimento para uma mudança demográfica permanente em Gaza, em desacordo com o direito internacional, o que equivale a uma limpeza étnica", afirmou Turk em nota oficial.

Ele alertou ainda que a intensificação dos ataques pode indicar o início de uma nova ofensiva israelense em maior escala. "Precisamos parar esse relógio da loucura", concluiu.

Hamas denuncia "escalada bárbara"

Em resposta, o grupo Hamas apelou à comunidade internacional para que responsabilize Israel pela escalada dos ataques, que classificou como "bárbara".

Organizações humanitárias e agências da ONU continuam alertando para o colapso total das condições de vida na Faixa de Gaza, onde a maior parte da população foi deslocada, enfrenta escassez extrema de alimentos, água e medicamentos, e está submetida a bloqueios contínuos à entrada de ajuda humanitária.