
Governo instala sistemas de água potável para 3 mil Yanomami no Amazonas

Mais de 3 mil indígenas Yanomami, que vivem em áreas remotas do Amazonas, começaram a ter acesso regular a água potável por meio da instalação de 30 microssistemas de tratamento desenvolvidos com energia solar.
A ação é resultado de um investimento de R$ 5 milhões do Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e integra o Programa Cisternas.
A tecnologia dos microssistemas capta a água dos rios, realiza o tratamento com filtros lentos de areia, de manutenção simples e sem uso de cloro, e a distribui por chafarizes de uso coletivo nas comunidades indígenas.
O objetivo é universalizar o acesso à água tratada nos rios Preto, Marauiá, Cauaburis e Demeni, no Território Indígena Yanomami, abrangendo as cidades de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
Doenças evitáveis e acesso contínuo à água tratada
Além de garantir o abastecimento durante os períodos de seca, os sistemas buscam reduzir a incidência de doenças como diarreia e verminoses, especialmente entre crianças e idosos.
Um diagnóstico realizado anteriormente apontava que diversas comunidades Yanomami enfrentavam, há mais de uma década, dificuldades extremas para obter água segura, agravadas pela presença de mercúrio nos rios da região.

"É muito importante para nós termos estes sistemas de água para melhorar a nossa saúde", afirmou Lívio Yanomami, liderança da comunidade indígena de Lajinha, no Rio Preto. "As cisternas vão ajudar muito a nossa saúde".
Até agora, 11 microssistemas já foram entregues e quatro estão em fase de finalização antes da estiagem. Ao todo, 14 estruturas serão instaladas na região de Santa Isabel do Rio Negro e 16 em Barcelos.
Participação indígena e capacitação contínua
A execução do projeto é feita em parceria com a Assessoria dos Povos da Floresta (Aflora), organização com mais de 30 anos de atuação junto aos Yanomami. Todas as etapas seguem protocolos de consulta às lideranças indígenas, garantindo participação ativa das comunidades nas decisões.
Durante a instalação, os próprios moradores recebem capacitação técnica para operar os sistemas, promovendo autonomia e gestão local.
"Cada sistema é mais do que uma estrutura física: é um compromisso com a dignidade, a saúde e os direitos dos povos indígenas", afirmou Stanny Saraiva, coordenadora de Educação em Saúde da Aflora.
As equipes de campo da Aflora são treinadas para respeitar a cultura, a língua e o modo de vida dos Yanomami. A formação inclui sensibilização sociocultural e acompanhamento contínuo da obra, com apoio técnico.
