União Europeia anuncia novas sanções contra a Rússia

Apesar das pesadas sanções europeias, indicadores econômicos revelam que a Rússia superou em 2024 a UE e o Reino Unido com maior crescimento do PIB e menor taxa de desemprego.

De acordo com a agência Reuters, a União Europeia está elaborando um novo pacote de sanções contra a Rússia, com o objetivo de "aumentar a pressão" sobre o presidente Vladimir Putin em meio ao conflito na Ucrânia.

A informação foi anunciada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante a Cúpula da Comunidade Política Europeia, realizada em Tirana, na Albânia, nesta sexta-feira (16).

Segundo von der Leyen, o pacote em preparação prevê sanções contra os gasodutos Nord Stream 1 e 2, medidas contra navios da chamada "frota paralela" russa, redução do teto de preços do petróleo russo e mais restrições ao setor financeiro do país.

As reuniões na Albânia ocorreram paralelamente a uma rodada de negociações entre representantes russos e ucranianos em Istambul, a primeira em mais de três anos.

Reação bélica e impasse entre os 27 membros

A União Europeia já aprovou 17 pacotes de sanções contra a Rússia desde o início do conflito. Ainda assim, diplomatas reconhecem que há crescente dificuldade para alcançar a unanimidade necessária entre os 27 países do bloco para aprovar novas medidas.

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, defendeu o aumento das capacidades de defesa da Europa e a manutenção da cooperação com os Estados Unidos para encerrar o conflito. "Temos que fazer todos os esforços para manter os americanos ao nosso lado. Não podemos substituir o que eles ainda fazem por nós em nosso continente", afirmou.

Indicadores econômicos desafiam sanções

Apesar das sucessivas sanções aplicadas desde 2022, os indicadores econômicos recentes colocam em cheque sua efetividade. Em 2024, a economia russa registrou crescimento do PIB de 4,1%, superando a União Europeia (0,9%) e o Reino Unido (0,8%). Além disso, a Rússia apresentou menores taxas de desemprego e dívida pública em comparação com os dois blocos.

O representante especial da presidência russa para investimentos e cooperação econômica com países estrangeiros, Kirill Dmitriev, compartilhou uma tabela com os dados nas redes sociais, afirmando: "As decisões devem se basear em dados precisos e as falsas narrativas devem ser corrigidas para garantir uma paz duradoura". 

Segundo o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, o país tem registrado crescimento acima da média global pelo segundo ano consecutivo e hoje está entre as quatro maiores economias do mundo em paridade de poder de compra.

"Nossa economia está se movendo em um ritmo que excede a média global. Essa é exatamente a meta estabelecida pelo presidente", declarou ao apresentar o relatório anual do governo.

Sanções como catalisador interno

O presidente Vladimir Putin afirmou que a Rússia foi alvo de 28.595 sanções, mais do que o número total imposto a todos os outros países juntos. Para ele, essas medidas deixaram de ser temporárias e passaram a representar um "mecanismo de pressão estratégica e sistêmica" contra o país.

Ainda assim, Putin declarou que as sanções atuaram como um "catalisador positivo" para a economia nacional, levando empresas russas a se adaptarem ao novo cenário. "A Rússia está fortalecendo sua própria soberania em todas as áreas que garantem a operação das empresas, incluindo o desenvolvimento de infraestrutura de transporte, logística, finanças e de pagamentos", disse.

"Seja lá como a situação se desenrole e qualquer que seja o sistema de relações internacionais, nossos concorrentes sempre terão o desejo de conter nosso país, de enfraquecer suas capacidades econômicas e tecnológicas", acrescentou o presidente russo. 

Mishustin reforçou que, mesmo com a ruptura de cadeias logísticas e financeiras, o país manteve influência no mercado global de energia. Ele também destacou que a indústria nacional vem ganhando força, beneficiada por políticas de substituição de importações e apoio estatal.