OTAN é investigada por suspeita de corrupção em compras de equipamentos militares

Aliança militar é alvo de operações em seis países por supostas fraudes em contratos da sua agência de suprimentos.

Um escândalo de corrupção de grandes proporções atingiu a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Investigações criminais estão em curso em pelo menos seis países, incluindo Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Espanha, Itália e Estados Unidos, para apurar supostas irregularidades nos contratos da principal agência de compras da aliança.

A ofensiva contra o esquema mobilizou operações policiais internacionais com prisões, buscas e apreensão de documentos, coordenadas pela Eurojust, a agência da União Europeia voltada à cooperação judicial em matéria penal.

O alvo central da investigação é a Agência de Apoio e Aquisição da OTAN (NSPA, na sigla em inglês), responsável por contratar e fornecer equipamentos militares, como munições e drones, para os países-membros da aliança. A sede da NSPA, localizada em Luxemburgo, foi o ponto de partida da apuração, conforme informou o jornal Luxembourg Times na última quarta-feira (14).

"A OTAN — incluindo a NSPA — está colaborando estreitamente com as autoridades para garantir que os responsáveis sejam levados à justiça", declarou a porta-voz da aliança, Allison Hart. "Estamos fortalecendo ativamente nossa capacidade de mitigar riscos e eliminar condutas impróprias", acrescentou. 

O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, reforçou o compromisso com a transparência em entrevista coletiva realizada em Ancara, capital da Turquia, na quinta-feira (15).

"Queremos chegar à raiz disso", afirmou Rutte, que assumiu o comando da aliança militar recentemente.

Segundo o Ministério Público de Luxemburgo, os documentos apreendidos indicam que funcionários da NSPA podem ter "usado suas posições para obter enriquecimento pessoal".

A polícia prendeu dois suspeitos na Bélgica e três nos Países Baixos. Os procuradores belgas afirmaram que a investigação gira em torno de "possíveis irregularidades na concessão de contratos a fornecedores de equipamentos militares para a OTAN, como munições e drones".

Os investigadores apuram também se houve compartilhamento indevido de informações confidenciais por parte dos funcionários da NSPA com empresas da indústria bélica e práticas de lavagem de dinheiro.

Nos Países Baixos, um ex-funcionário do Ministério da Defesa foi preso no aeroporto Schiphol, em Amsterdã, na última segunda-feira (12). Ele é suspeito de ter aceitado suborno em 2023 em troca da concessão de contratos militares.

O escândalo acontece em um momento delicado para a OTAN. Pressionados pelo contexto do conflito na Ucrânia, os países-membros buscam acelerar a produção e compra de armas para fortalecer suas defesas e garantir o fornecimento constante de armamentos ao governo ucraniano.

Em março, a Comissão Europeia anunciou um plano ambicioso para levantar 800 bilhões de euros (cerca de 896 bilhões de dólares) com o objetivo de "rearmar" o continente europeu. A transparência e a integridade nos processos de aquisição de armas, no entanto, agora estão sob forte vigilância.