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Lula retorna a Moscou um dia antes da reunião para negociações de paz em Istambul

"Eu, quando parar em Moscou, vou tentar falar com Putin. Não me custa nada falar: 'Ô, companheiro Putin, vá até Istambul negociar', p*rra", declarou o presidente brasileiro.
Lula retorna a Moscou um dia antes da reunião para negociações de paz em IstambulGettyimages.ru / Andressa Anholete

Segundo informações do governo brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve chegar a Moscou nesta quarta-feira (14).

Mais cedo, em entrevista coletiva em Pequim, Lula afirmou que pretende conversar com o presidente russo, Vladimir Putin.

"Eu, quando parar em Moscou, vou tentar falar com Putin. Não me custa nada falar: 'Ô, companheiro Putin, vá até Istambul negociar, p*rra'", declarou.

Pedidos do regime de Kiev

Lula relatou que, ao se dirigir à Rússia para as comemorações dos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial, foi procurado pelo líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, com um pedido para intermediar um cessar-fogo.

"Quando eu estava chegando em Moscou, o meu ministro [das Relações Exteriores] Mauro Vieira tinha recebido um telefonema do chanceler da Ucrânia dizendo que o Zelensky gostaria que eu pedisse para Putin, para saber se Putin estava disposto a fazer um acordo de paz e uma trégua de 30 dias", afirmou.

Segundo Lula, o presidente russo mostrou disposição para negociar. "E o Putin disse textualmente 'Eu topo discutir’", acrescentou.

O presidente brasileiro disse ainda que foi novamente acionado por representantes de Kiev. "Mauro me ligou ontem à noite que o mesmo chanceler ucraniano pediu para eu falar para Putin para comparecer na Turquia", relatou.

Esforços pela paz

Durante conversa com a imprensa em Pequim, Lula elogiou a proposta de paz de Putin e afirmou que a diplomacia deve ser uma prioridade dos líderes mundiais, reforçando que o diálogo é preferível à violência.

"Gastem todas as palavras que existirem nos seus dicionários que falam de acordo e conversa, que vale muito mais do que um tiro", disse, demonstrando otimismo com os avanços nas tratativas.

Lula também comentou a iniciativa sino-brasileira para a formação de um grupo de amigos da paz, composto por 13 países emergentes, com o objetivo de apoiar negociações. Ele ressaltou que apenas os envolvidos no conflito poderão construir uma saída duradoura.

Na entrevista coletiva conjunta com o presidente chinês, Xi Jinping, na terça-feira (13), Lula abordou o conflito, dizendo que o esforço bilateral entre Brasil e China oferece base para "um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa".

Na declaração conjunta, os dois países também expressaram apoio à proposta de Putin e defenderam que seja discutida a origem da guerra, em busca de um acordo de paz "duradouro e justo".

  • A retomada das negociações foi sugerida pelo próprio presidente russo, com início previsto para 15 de maio, sem pré-condições. Putin voltou a afirmar que Moscou manteve sua disposição ao diálogo, ao contrário de Kiev, que teria abandonado as conversas em 2022.