Notícias

Supermercados defendem contratação por hora como alternativa à escassez de mão de obra

Setor defende novo modelo para ampliar a liberdade na escolha da jornada; cerca de 35 mil vagas estão abertas em São Paulo.
Supermercados defendem contratação por hora como alternativa à escassez de mão de obraFaga Almeida/UCG/Universal Images Group via Getty Images

Representantes do setor supermercadista brasileiro defenderam, nesta segunda-feira (12), a adoção do contrato de trabalho por hora como forma de atender à nova realidade do mercado e facilitar contratações. A proposta foi apresentada durante a abertura da Apas Show, uma das maiores feiras do setor de alimentos e bebidas da América Latina, que ocorre até quinta-feira (15) em São Paulo, conforme relatado pela Agência Brasil.

Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Erlon Ortega, há cerca de 35 mil vagas abertas em supermercados no estado de São Paulo. Ele argumenta que o atual modelo de jornada integral não atende mais ao perfil dos trabalhadores, sobretudo os mais jovens.

"(Eles buscam) mais flexibilidade e liberdade.[...] Por isso, precisamos discutir urgentemente, com a Abras [Associação Brasileira de Supermercado], o modelo horista," afirmou.

Poder de escolha

Para Ortega, a contratação por hora, em moldes semelhantes ao contrato intermitente previsto na reforma trabalhista de 2017, permitiria que empresas e funcionários adaptassem suas rotinas com maior autonomia. O dirigente sugeriu, ainda, que esse modelo possa ser integrado a programas sociais, de modo a facilitar o acesso ao primeiro emprego. "O supermercado é a porta de entrada trabalho formal", destacou.

A defesa da modalidade também foi feita por João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo ele, o pagamento por hora amplia a liberdade de escolha do trabalhador.

"O que é melhor? Seis por um, quatro por três, cinco por dois? Nenhuma dessas alternativas. O que é melhor para os nossos colaboradores é a liberdade de poder escolher sua jornada de trabalho. Isso só será possível se tiver a liberdade de ser contratado por hora", explicou.

Críticas

Apesar do apoio do setor, o contrato por hora enfrenta resistência. Desde que foi incluído na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) por meio da reforma de 2017, o modelo intermitente foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF) por entidades que representam trabalhadores de diversos segmentos, como frentistas, teleoperadores e metalúrgicos. Os sindicatos alegam que a medida precariza os vínculos empregatícios e pode gerar salários inferiores ao mínimo mensal. Em 2024, no entanto, o STF julgou a norma constitucional.