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EUA ameaçam usar a força contra a Venezuela e Caracas responde

Caracas lembrou a Washington que quem quiser seus hidrocarbonetos "deve pagar por eles".
EUA ameaçam usar a força contra a Venezuela e Caracas respondeArda Kucukkaya / Anadolu

A crise diplomática entre os Estados Unidos e a Venezuela se aprofundou nesta segunda-feira (12), após Caracas reagir às  declarações do secretário de Energia norte-americano, Chris Wright, que sugeriu o uso da força ou da "independência energética" para promover uma mudança política no país sul-americano.

A resposta da Venezuela veio através do chanceler venezuelano Yván Gil, que replicou uma mensagem da vice-presidente do país, Delcy Rodriguez: "A única coisa que será imposta é a força da lei àqueles que tentarem roubar os recursos energéticos da Venezuela. O colonialismo petrolífero exercido pelos Estados Unidos durante o horror de Punto Fijo foi enterrado pelo presidente Hugo Chávez".

"Hoje, os recursos energéticos e as gigantescas reservas de petróleo e gás da Venezuela pertencem ao povo e estão a serviço do desenvolvimento nacional e da cooperação internacional justa. Quem quiser nosso petróleo e gás deve pagar por ele. Nunca mais a tirania do agressor econômico hegemônico voltará!", finalizou.

As declarações norte-americanas foram feitas no domingo (11), quando Wright afirmou: "Trump quer usar a força dos EUA para forçar um novo governo" e classificou Hugo Chávez e Nicolás Maduro como "líderes tirânicos horríveis".

Wright também mencionou a petroleira norte-americana Chevron, afirmando que a empresa foi prejudicada pelas sanções e "ficou presa no meio da política de mudança de regime".

"Precisamos mudar a situação na Venezuela, não apenas para os venezuelanos, mas para todos os membros de gangues e refugiados que fogem daquele país, milhões dos quais acabam nos EUA. Acredito que a paz por meio da força será a estratégia vencedora aqui", argumentou.

Um comunicado oficial da chancelaria venezuelana, classificou as declarações como um "ato hostil carregado de cinismo, racismo e propaganda política". 

Gil respondeu que a nova recomendação de viagem dos Estados Unidos à Venezuela "não busca proteger a ninguém" e faz parte de "um roteiro intervencionista de Washington e seus lacaios locais". A medida, segundo Caracas, seria uma "ferramenta de guerra psicológica e desinformação".

O governo da República Bolivariana da Venezuela também denunciou o tratamento dado a migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos, citando o caso da menina venezuelana Maikelys Antonella Espinoza Bernal, supostamente detida sem justificativa. A chancelaria declarou que ela está sendo usada como "refém política em favor da ultradireita venezuelana".

A nota destaca que os EUA "carecem de autoridade moral para falar de direitos humanos", mencionando imagens de crianças em jaulas, separações familiares, detenções arbitrárias, leis consideradas racistas, brutalidade policial e crimes contra trabalhadores venezuelanos, como sequestros de cidadãos do país em El Salvador.

O comunicado, assinado pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, classifica a política norte-americana como uma "campanha de agressão permanente contra nosso país" e acusa Washington de tentar desacreditar Caracas com "acusações infundadas".

Por fim, o comunicado reafirma que a "Venezuela é um país de paz. Quaisquer que desejem nos visitar com respeito e espírito de irmandade encontrarão sempre abertas as portas de um povo digno, soberano e em revolução". 

A escalada de tensões ocorre em um contexto de sanções econômicas prolongadas, interesses energéticos estratégicos e uma crescente disputa por influência geopolítica na América Latina.