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Oposição pede CPMI para investigar fraudes no INSS entre 2019 e 2024

A Comissão mista visa apurar o esquema de fraudes e descontos irregulares revelado pela Polícia Federal, em valores que somam R$ 6.3 bilhões.
Oposição pede CPMI para investigar fraudes no INSS entre 2019 e 2024Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A oposição no Congresso Nacional apresentou, nesta segunda-feira (12), um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar fraudes identificadas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O pedido é assinado pela deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) e pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), com o apoio de outros parlamentares de oposição.

A solicitação ocorre após investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) apontarem a existência de um esquema que operava descontos irregulares nos benefícios pagos a aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.

Segundo os órgãos de controle, os beneficiários foram alvo de cobranças não autorizadas por meio de documentos falsificados, como assinaturas forjadas e ausência de comprovação legal para os débitos. O valor total estimado de prejuízo é de R$ 6,3 bilhões.

O pedido de criação da CPMI propõe a formação de uma comissão com 30 membros titulares, sendo 15 senadores e 15 deputados federais, tendo o mesmo número de suplentes.

A composição deve obedecer à proporcionalidade partidária, ou seja, à representação das bancadas no Congresso. O prazo de funcionamento sugerido é de 180 dias, e o orçamento reservado para os trabalhos da comissão é de R$ 200 mil.

O funcionamento de uma CPMI depende de dois requisitos: o número mínimo de assinaturas (171 deputados e 27 senadores) e a leitura do requerimento em plenário.

Essa leitura precisa ser realizada pelo presidente da casa onde o pedido foi apresentado. Neste caso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), é quem deve autorizar formalmente a instalação da comissão, a partir da leitura do documento durante sessão parlamentar.

A justificativa apresentada pelos parlamentares é que a fraude envolve a apropriação indevida de parte da renda mensal de aposentados e pensionistas, que compõem a maior parte da base de beneficiários do INSS.

Segundo o requerimento, o caso revela falhas no sistema de controle interno do instituto, permitindo a atuação de grupos externos e de agentes públicos.

Um dos nomes citados nas investigações é o do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi afastado do cargo e posteriormente demitido após as denúncias.

O INSS é responsável pela gestão da Previdência Social no Brasil, que atende mais de 39 milhões de pessoas com o pagamento de aposentadorias, pensões e outros benefícios.

Os valores são transferidos mensalmente para as contas dos beneficiários, com base em regras definidas pela legislação previdenciária.

Descontos sobre esses pagamentos só podem ocorrer mediante autorização expressa ou por força de determinação judicial. Qualquer cobrança fora dessas condições é considerada irregular.

Em paralelo ao pedido de CPMI, a oposição na Câmara dos Deputados havia protocolado anteriormente um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o mesmo caso.

No entanto, a CPI da Câmara incluiria apenas deputados federais, enquanto a CPMI permite a participação de membros do Senado, ampliando o alcance político e institucional da investigação.

A fila de pedidos de CPI na Câmara é extensa, e o presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), informou a líderes partidários que irá analisar outras solicitações antes de decidir sobre a CPI do INSS.

Diante desse cenário, a oposição optou por concentrar esforços na CPMI como forma de viabilizar o início imediato das apurações.

De acordo com o requerimento, os objetivos centrais da CPMI são identificar as origens do esquema de fraudes, responsabilizar os envolvidos e propor medidas para aprimorar os mecanismos de controle, monitoramento e prevenção no INSS.

A expectativa é de que o relatório final da comissão possa subsidiar mudanças na legislação previdenciária ou administrativa, além de fornecer subsídios para eventuais ações judiciais e administrativas.

A instalação da CPMI ainda não tem data definida. O avanço do pedido dependerá da decisão do presidente do Senado sobre a leitura do requerimento em plenário.