Estima-se que, em 2025, cerca de 12 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos de idade darão à luz. Na América Latina, o Brasil se destaca por sua alta taxa: 44 bebês nascem de mães adolescentes a cada hora, de acordo com dados de 2023 do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma gravidez não planejada que mudou sua vida
Lara Silva tinha 18 anos quando descobriu que ia ser mãe. A gravidez não havia sido planejada e, como ela confessa, levou "alguns meses para aceitar" porque foi "um choque". Tanto a família dela quanto a do marido, que é ainda mais jovem que Lara, ficaram muito preocupadas quando souberam da notícia. No entanto, com o tempo, "todos se apaixonaram" pelo bebê, diz a jovem, que mora em São Paulo. "Muitas pessoas julgam demais a maternidade na adolescência... Em vez de apoiá-la, elas a julgam", declarou.
Redes sociais: companheirismo, visibilidade e renda
Em meio aos seus medos, Lara decidiu compartilhar sua experiência nas mídias sociais. Seus vídeos se tornaram virais e a hashtag #gravidezadolescente já reuniu mais de 40.000 comentários no TikTok. Graças à plataforma, a jovem fez novas amizades com outras mães e, em meses movimentados, ganha até 800 dólares, um complemento importante para as finanças de sua família. "Minha vida mudou de repente. Comecei a gravar e a ser paga por isso. Foi muito rápido e louco", diz ela.
O contexto brasileiro
O Ministério da Saúde do Brasil informa que 32% das mães adolescentes passam por uma segunda gravidez menos de um ano após a primeira. Para o Colectivo Feminista Sexualidad y Salud, fundado há 40 anos para atender jovens com orientação sexual e cuidados pré-natais, os números respondem a barreiras persistentes: "As pessoas não têm acesso à educação sexual e à contracepção. Elas engravidam sem querer, e a maternidade é estigmatizada. E o aborto legal é muito restrito".
Uma mensagem de incentivo
Nove meses depois de se tornar mãe de Ravi, Lara tranquiliza outras jovens em situação semelhante: "A angústia que sentimos no início é normal para quem não estava esperando um bebê. Eventualmente, aceitamos a situação e o amor por nossos filhos nasce", diz.
A história de Lara reflete os desafios - e a criatividade para superá-los - de milhares de meninas adolescentes no Brasil, em um país onde a maternidade precoce ainda é marcada pelo estigma e pela falta de acesso aos direitos básicos de saúde sexual e reprodutiva.