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'O Brasil não será quintal de ninguém': Em Moscou, Lula reage às declarações do governo Trump

O presidente exigiu que seu país ''seja tratado com respeito'' por Washington.
'O Brasil não será quintal de ninguém': Em Moscou, Lula reage às declarações do governo TrumpSputnik / Ramil Sitdikov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Moscou em visita oficial, rebateu as declarações do secretário de Defesa do governo Trump, que em pelo menos duas ocasiões, se referiu à América Latina como ''quintal'' dos EUA.

''Temos um país muito grande, com 213 milhões de habitantes, com um povo muito generoso, mas que ama muito o seu país. Portanto, o Brasil não será quintal de ninguém, de nenhum país, em nenhum continente'', disparou o presidente quando questionado sobre o assunto em uma coletiva de imprensa neste sábado (10). 

Ele exigiu ainda que seu país ''seja tratado com respeito'' no âmbito das relações diplomáticas entre Brasília e Washington, que como pontuou, já alcançam a marca de 200 anos. 

Relembre: 

Em abril, o Pete Hegseth, secretário da Defesa do governo Trump, criticou a gestão de Barack Obama, culpando o ex-presidente americano pela crescente influência da China na região. Na ocasião, Hegseth se referiu à América Latina como o ''quintal'' dos EUA:

''O governo Obama tirou o olho do lance e deixou que a China invadisse toda a América do Sul e Central com sua influência econômica e cultural'', queixou-se, argumentando que os acordos de Pequim limitam-se a oferecer "infraestrutura ruim", "vigilância" e ''endividamento''. ''O presidente Trump disse: 'basta, vamos tomar nosso quintal de volta'''.

Em uma outra entrevista concedida dias depois, o político voltou a usar o termo:

''A influência chinesa não pode controlar o nosso próprio quintal, especialmente um fluxo aquático tão crucial como o Canal do Panamá", afirmou, acrescentando que 75% dos navios norte-americanos estão "indo ou voltando" do canal artificial.

Influência chinesa

Cada vez mais países latino-americanos estão buscando parcerias com Pequim, motivados pelo impacto transformativo da política externa do gigante asiático em nações em desenvolvimento.

O Brasil e a China, por exemplo, estão estreitando seus laços progressivamente. Em novembro passado, Xi e Lula aprimoraram as relações diplomáticas e assinaram 37 acordos de cooperação em infraestrutura, energia, agronegócio e outros setores estratégicos.

No mesmo mês, Xi Jinping participou da inauguração do "mega-porto" de Chancay, que tem como objetivo transformar o Peru no principal centro logístico do Pacífico sul-americano, além de uma escala relevante na Nova Rota da Seda.