
OTAN diz que entrada da Ucrânia na aliança nunca foi parte de acordo de paz

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, descartou a possibilidade de que a entrada da Ucrânia na aliança militar ocidental seja considerada como parte de um eventual acordo de paz com a Rússia.
A declaração foi feita durante entrevista coletiva ao lado do recém-empossado chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, nesta sexta-feira (9). "Fico satisfeito que o presidente dos Estados Unidos tenha desbloqueado a situação", disse Rutte, referindo-se aos esforços liderados por Washington para retomar negociações com Moscou desde a volta de Donald Trump à Casa Branca.

"Toda a OTAN esteve de acordo com o caminho irreversível da Ucrânia rumo à OTAN, mas nunca o acordamos como parte de um acordo de paz", afirmou o secretário-geral. Segundo ele, a adesão de Kiev continua sendo considerada uma meta "de longo prazo", fora da agenda imediata das tratativas por um cessar-fogo.
A fala de Rutte ocorre em meio a um movimento diplomático mais intenso entre potências ocidentais e Moscou.
Ao lado de Merz, ele expressou apoio a uma proposta de cessar-fogo temporário com duração de 30 dias, destacando que "a bola está agora claramente no campo da Rússia". A menção foi feita após sinalizações de Moscou e Berlim sobre possíveis medidas humanitárias e suspensão provisória dos combates, especialmente durante datas simbólicas da Segunda Guerra Mundial.
Entenda:
A Presidência da Rússia declarou unilateralmente uma trégua de três dias, das 00h do dia 7 ao dia 8 de maio até 00h do dia 10 ao dia 11 de maio. A medida coincidiu com as comemorações dos 80 anos da vitória soviética na Grande Guerra Patriótica (1941–1945) e foi justificada por considerações humanitárias.
O governo russo indicou que esperava que Kiev aderisse à trégua. No entanto, o líder do regime rejeitou a proposta e condicionou qualquer pausa nos combates a uma trégua "incondicional" de pelo menos 30 dias.
Moscou reitera que vê a possível adesão da Ucrânia à OTAN e a contínua expansão da aliança em direção ao leste europeu como ameaças diretas à segurança nacional. Vladimir Putin declarou que esse foi um dos fatores que motivaram a operação militar lançada na Ucrânia.
De volta ao poder nos Estados Unidos, Donald Trump tem manifestado oposição à entrada da Ucrânia na OTAN. Em entrevista em abril, o presidente norte-americano afirmou não acreditar que Kiev venha a ingressar na aliança.
