O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta sexta-feira (9) que uma discussão significativa sobre um cessar-fogo de 30 dias entre Rússia e Ucrânia é inviável sem considerar os detalhes envolvidos.
A possibilidade voltou à pauta após declarações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do chanceler alemão, Friedrich Merz.
"Assim que a ideia de cessar-fogo foi apresentada pela administração Trump, ela foi apoiada pelo presidente Putin,com a ressalva de que há muitas nuances", afirmou Peskov. "Sem respostas para essas questões, é muito difícil falar sobre isso de maneira significativa", completou.
Peskov também comentou a fala de Merz, que afirmou ver "uma grande possibilidade" de que a trégua de três dias anunciada por Putin possa ser estendida para 30 dias. Para o porta-voz russo, é necessário entender exatamente a que o chanceler alemão se refere e esclarecer esses pontos.
O porta-voz ainda mencionou as violações da trégua temporária, anunciada entre 7 e 8 de maio em razão do 80º aniversário da vitória sobre o nazismo. Segundo ele, o episódio levanta dúvidas sobre a disposição da Ucrânia em aceitar um cessar-fogo. Como exemplo, citou um ataque de drones ucranianos contra um prédio governamental em Belgorod, que deixou ferido o vice-governador da região, Alexander Lorents.
Segundo Peskov, o Exército russo analisa a situação relacionada à continuidade dos ataques ucranianos, apesar da trégua anunciada.
O Kremlin reforçou reconhecer os esforços de todos os atores internacionais que buscam uma solução pacífica para o conflito, especialmente aqueles promovidos pelos Estados Unidos e o governo Trump.
- Em março, o presidente Vladimir Putin declarou que a Rússia está disposta a aceitar uma proposta de cessar-fogo, desde que o acordo leve a uma paz duradoura e aborde as causas profundas da crise. Ele também levantou preocupações quanto ao uso do período de trégua por parte da Ucrânia.
- "Como se usarão esses 30 dias? Para que continue essa mobilização forçada na Ucrânia? Para que possam se fornecer armas? Para que treinem? Ou não ocorrerá nenhuma dessas coisas?", questionou Putin. "Então surge a pergunta: [...] como nos garantirão que nada disso acontecerá?", argumentou o presidente.