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China quer 'rasgar o Brasil' com ferrovias, afirma ministra do Planejamento

Simone Tebet comentou que o país asiático tem interesse estratégico na expansão ferroviária brasileira, visando o fortalecimento de rotas comerciais na América do Sul.
China quer 'rasgar o Brasil' com ferrovias, afirma ministra do PlanejamentoMarcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta sexta-feira (9) que a China demonstra forte interesse em investir na malha ferroviária do Brasil. Segundo ela, o governo federal já mantém negociações com grupos chineses por meio dos ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Casa Civil, Rui Costa.

Tebet destacou que o Brasil não destina recursos públicos para a promoção do modal ferroviário, ficando assim dependente da iniciativa privada e de investidores estrangeiros para avançar com projetos de infraestrutura.

"Não há recurso público para fazer ferrovias. O Brasil precisa do investimento privado e estrangeiro. E a China também ganha com isso, eles estão interessados em ajudar a rasgar o Brasil por ferrovias", afirmou a ministra durante o programa "Poder em Pauta", da Carta Capital.

Simone Tebet acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita oficial à China. Lula deverá deixar a Rússia no sábado (10) e seguir para o país asiático, onde participará de reunião com o presidente Xi Jinping e do fórum da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a China.

Rotas de Integração 

Durante a viagem, um dos temas centrais será uma discussão sobre o papel das ferrovias em rotas de integração na América do Sul, com foco na redução de custos logísticos e no aumento da competitividade comercial da região. A ministra afirmou que as rotas deverão ser concluídas até o fim do mandato presidencial, em 2026.

Tebet informou que a maior parte dos projetos está dentro do cronograma, com exceção da Rota 1, ou das Guianas, que conecta o norte brasileiro, incluindo Manaus e Macapá, à Venezuela, Guiana e Guiana Francesa.

"O problema é que a antiga Guiana Inglesa tem uma questão de reserva ambiental", explicou.

Ao comentar sobre os impactos da guerra comercial entre China e Estados Unidos, iniciada no governo de Donald Trump, Tebet avaliou que o cenário pode encarecer produtos no mercado global. Por outro lado, acredita que o Brasil pode se beneficiar, ao promover a diversificação de parceiros comerciais. “Podemos vender mais para a China e para os Estados Unidos”, afirmou.