Níger apreende equipamentos de mineradora de urânio francesa

A medida ocorre meses depois que o governo do país africano revogou a licença de operação da empresa Orano.

As forças de segurança do Níger invadiram os escritórios das subsidiárias locais da mineradora de urânio estatal francesa Orano, apreendendo equipamentos e celulares, informou a Reuters na quarta-feira (7), citando fontes familiarizadas com o assunto.

"Na segunda-feira, 5 de maio, ao que parece, policiais nigerinos intervieram na sede das subsidiárias Somair, Cominak e Orano Mining Niger em Niamey, com equipamentos apreendidos", disse a empresa à Reuters. O diretor local da empresa, Ibrahim Courmo, teria sido preso após uma busca ser realizada em Niamey, a capital do país da África Saariana.

Os representantes da mineradora francesa manifestaram sua preocupação com a situação, dizendo que "não conseguem entrar em contato com o representante da Orano no Níger até o momento". A empresa observou que dispõe de informações "muito limitadas" pois perdera o controle operacional de suas subsidiárias em dezembro.

Tensões com o governo

A medida ocorre em meio a tensões entre o governo militar do Níger e a empresa estatal francesa de combustível nuclear. Em junho de 2024, a junta militar que governa o país revogou a licença da Orano que a permitia operar a mina de Imouraren, uma das maiores jazidas de urânio do mundo, localizada no norte do Níger.

Em dezembro de 2024, a Orano anunciou que as autoridades nigerinas haviam assumido o controle operacional de sua mina de urânio Somair na região norte de Arlit, onde a Orano possuía 63,4% do empreendimento, enquanto o estado nigerino detinha o restante.

O Níger é o sétimo maior produtor de urânio do mundo, respondendo por aproximadamente 5% da produção global, segundo a Associação Nuclear Mundial. As exportações de urânio do país são uma fonte significativa de combustível para os reatores nucleares da França, fornecendo cerca de 15% a 17% do urânio usado na geração de eletricidade francesa.