Brasil rejeita pedido dos EUA para classificar PCC e Comando Vermelho como grupos terroristas

O governo brasileiro afirmou que legislação nacional não enquadra facções como terroristas, apesar de denúncias de atuação nos EUA.

Durante reunião realizada em Brasília na última terça-feira (6), o governo brasileiro informou a autoridades dos Estados Unidos que não considera organizações como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas.

O encontro contou com representantes dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, das Relações Exteriores e da Polícia Federal, além de membros do Departamento de Estado dos EUA.

A solicitação partiu de David Gamble, chefe interino de Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, e foi acompanhada por informações do FBI que apontam a presença das facções em 12 estados norte-americanos.

Segundo os norte-americanos, as organizações estariam envolvidas em lavagem de dinheiro e tráfico de armas com o auxílio de brasileiros que viajam ao país. Neste ano, 113 vistos foram negados por supostas ligações com o crime organizado.

Autoridades brasileiras justificaram que a legislação nacional só enquadra como terrorismo atos que tenham motivações políticas, religiosas, raciais ou ideológicas. "Não temos organizações terroristas aqui, temos organizações criminosas infiltradas na sociedade", declarou Mário Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública.

O objetivo dos EUA com o pedido seria facilitar o bloqueio de ativos, sanções e o combate a redes criminosas transnacionais. O encontro foi realizado a pedido do governo norte-americano e também teve a participação de diplomatas e agentes da embaixada dos Estados Unidos.

A intensificação das medidas contra facções criminosas latino-americanas faz parte da política externa norte-americana voltada à segurança e imigração. Recentemente, os EUA incluíram na lista de organizações terroristas grupos como o Tren de Aragua, de origem venezuelana, e o MS-13, de El Salvador.