Notícias

Adidas, BMW e Volkswagen admitem responsabilidade pela ascensão dos nazistas ao poder

Empresas alemãs publicam comunicado oficial em conjunto, reconhecendo apoio ao regime nazista e papel central na máquina de guerra de Hitler.
Adidas, BMW e Volkswagen admitem responsabilidade pela ascensão dos nazistas ao poderGettyimages.ru / Foto: Julian Stratenschulte/picture alliance via Getty Images

Oito décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial, o setor empresarial alemão encara um passado que por muito tempo permaneceu silenciado. Em uma declaração conjunta, 49 grandes empresas, entre elas Adidas, BMW, Bayer, Siemens, Mercedes-Benz, Volkswagen, Allianz e Deutsche Bank, reconheceram publicamente sua responsabilidade na ascensão dos nazistas ao poder nos anos 1930.

A manifestação, intitulado Declaração das empresas alemãs sobre o 8 de maio ("Erklärung deutscher Unternehmen zum 8", em alemão) e divulgada por veículos da imprensa alemã, afirma que a chegada de Adolf Hitler ao governo em 1933 só foi possível com o apoio direto ou omisso de lideranças políticas, militares, jurídicas e econômicas. E destaca: muitas empresas ajudaram a consolidar o regime com o objetivo de obter vantagens próprias.

"Hoje assumimos, como empresas alemãs, a responsabilidade de tornar visível a memória dos crimes do período nazista. Esses crimes nos alertam constantemente sobre a fragilidade da democracia. Juntos, nos colocamos contra o ódio, contra a exclusão e contra o antissemitismo. Não haverá e não pode haver uma linha final com a nossa concordância", declara o documento.

Entre os signatários estão os CEOs da BMW, Volkswagen, Porsche, Lufthansa, Adidas, Allianz, Deutsche Bahn, Bayer, Henkel, MTU Aero Engines, Siemens, Thyssenkrupp e Mercedes-Benz, entre outros.

A nota ressalta a importância de manter viva a memória dos crimes do período nazista. Ela também relembra que em 1933 "muitos se calaram", destacando que hoje é necessário ter "atitude e coragem" para enfrentar o ódio, a exclusão e o antissemitismo.

Este posicionamento se soma a um movimento crescente de revisão crítica das atuações empresariais durante o Terceiro Reich.

A BMW, em seu site, indica que a companhia "se transformou de uma empresa de mobilidade em uma das empresas de armamento mais importante da economia de guerra alemã", utilizando "trabalhadores forçados e prisioneiros de campos de concentração sem escrúpulos morais para alcançar as cotas de produção".

"Os operários tiveram que trabalhar em condições cruéis, e muitos morreram de fome e esgotamento", reconhece a montadora alemã.