MST apresenta máquinas agrícolas fruto de parceria com a China em grande evento em SP

Equipamentos importados são destaque na Feira da Reforma Agrária e prometem revolucionar a produção dos assentamentos com baixo custo, eficiência e foco na agricultura familiar.

Máquinas agrícolas fabricadas na China ocuparão um lugar de destaque na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece de 8 a 11 de maio no Parque da Água Branca, em São Paulo.

Fruto de uma parceria direta entre o MST e empresas chinesas, as máquinas vêm sendo testadas em projetos no Nordeste e, agora, ganham visibilidade nacional. Durante o evento, o público poderá ver de perto os equipamentos e conhecer seu funcionamento. Essa será a primeira vez que o MST apresenta os equipamentos chineses diretamente à população.

Parceria internacional estratégica

A escolha da China como parceira não é aleatória. Desde 2023, o MST vem estreitando laços com empresas e organizações do país asiático, incluindo visitas técnicas e intercâmbios. Um dos focos é o desenvolvimento de uma cadeia produtiva de máquinas voltadas à agricultura familiar, com tecnologia acessível e possível de ser reproduzida no Brasil.

Durante a Feira, será lançado um documentário exclusivo produzido pelo jornal Brasil de Fato, mostrando a experiência de assentados que já utilizam os novos equipamentos. O material revela ganhos de produtividade, melhorias nas condições de trabalho e potencial para ampliar o acesso à tecnologia no campo.

Uma revolução silenciosa nos assentamentos

Em entrevista ao podcast Conversa Bem Viver, do Brasil de Fato, Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, explicou que os equipamentos chineses foram escolhidos justamente por suas características: são acessíveis, eficientes e compatíveis com os princípios da agroecologia.

Para ela, hoje o grande desafio dos assentamentos é produzir em escala, com qualidade, sem abrir mão da diversidade e da saúde ambiental. E para isso, a mecanização é fundamental.

Débora explica que o agronegócio trabalha com máquinas gigantes, voltadas para monoculturas em áreas extensas. Já as máquinas trazidas da China são menores, mais versáteis e operam bem em propriedades coletivas e cooperativas, como as que existem nos assentamentos.

"O agronegócio é um modelo que precisa de concentração de terra para a sua existência, que segue devastando a natureza, usando a natureza de forma indiscriminada, transformando tudo em mercadoria, não gera trabalho, logo não distribui renda para o conjunto da sociedade", detalha. 

A chegada das máquinas é vista como um avanço tático, que pode liberar a força de trabalho para outras etapas da produção, aumentar a produtividade e diminuir a penosidade no campo, sobretudo para mulheres e idosos.

Cultura, comida e política

A Feira segue sendo uma grande celebração da diversidade cultural e alimentar das diferentes regiões brasileiras. Agricultores e agricultoras de 24 estados trarão alimentos in natura, com destaque para as 24 cozinhas regionais que vão servir desde pratos amazônicos até delícias nordestinas.

Com o lema “Alimento saudável, povo livre!”, o evento se consolida, também, como um espaço de articulação política e terá debates sobre mudanças climáticas, segurança alimentar e políticas públicas para o campo. 

O espaço também contará com uma área chamada Caminhos da Agroecologia, com amostras de sementes, mudas, bioinsumos e outras soluções construídas pelos assentados a partir do Plano Nacional “Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis”. A iniciativa busca dialogar com a sociedade sobre dois temas centrais: a crise climática e o direito à alimentação saudável como política pública e prioridade popular.

Estão previstas ainda apresentações musicais com Almir Sater, Marina Lima, Teresa Cristina, Djonga, Arnaldo Antunes, entre outros.