O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) tornou públicos, nesta segunda-feira (5), documentos classificados como "ultrassecretos" que detalham investigações conduzidas por agências soviéticas entre 1948 e 1950 sobre a atuação da Igreja Greco-Católica Ucraniana (UGCC) no território da antiga União Soviética.
Segundo o material divulgado, os órgãos de segurança identificaram ligações entre integrantes do alto clero da UGCC e a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), grupo de extrema direita que colaborou com o regime nazista de Adolf Hitler e esteve envolvido em assassinatos de mais de 100 mil civis — incluindo poloneses, judeus, russos e simpatizantes comunistas— em território ucraniano.
"Foi documentado que os principais líderes da Igreja Uniata eram agentes dos órgãos de inteligência alemães e estavam em conluio direto com os nazistas mesmo antes da eclosão da Grande Guerra Patriótica", afirma o serviço russo.
O FSB também destacou que, após a ocupação nazista da República Socialista Soviética Ucraniana, o metropolita da UGCC e seu principal aliado, identificado como I. Slipy, manifestaram apoio público ao Terceiro Reich e organizaram recepções para as tropas alemãs.
A divulgação dos documentos ocorre em meio a um esforço do governo russo para reforçar sua narrativa histórica sobre o papel de grupos nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial.
O episódio também se insere no atual contexto de repressão a instituições religiosas ligadas a Moscou em território ucraniano. Em 2024, Kiev proibiu as atividades da Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica e de outras entidades sob suspeita de vínculos com o Kremlin, sob a justificativa de segurança nacional.