Governo dos EUA oferece US$ 1.000 a imigrantes que deixarem o país voluntariamente

Enquanto as autoridades defendem a eficácia da medida, críticos alertam para os riscos legais e sociais enfrentados pelas pessoas em situação irregular que optarem por deixarem os EUA.

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (5) a criação de um programa que oferecerá US$ 1.000 (aproximadamente R$ 5.658) e assistência de viagem para imigrantes em situação irregular que optarem por deixar o país voluntariamente. A medida visa reduzir os elevados custos das deportações forçadas, estimados em cerca de US$ 17.121 (aproximadamente R$ 96.900) por pessoa, segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), divulgou o jornal britânico The Guardian.

O programa permitirá que os imigrantes que decidirem deixar os EUA voluntariamente se registrem por meio do aplicativo governamental CBP Home. Aqueles que optarem pela autodeportação também receberão assistência para a viagem e terão seus nomes retirados da lista de detenção da agência de imigração dos Estados Unidos. O governo norte-americano, que tem adotado uma política de prisão de imigrantes sem permissão de residência, cumpre assim uma das promessas de campanha de Donald Trump.

A secretária do DHS, Kristi Noem, defendeu a iniciativa como uma alternativa mais econômica e eficiente em comparação com as deportações tradicionais, e afirmou que a medida visa proporcionar uma solução mais segura tanto para os imigrantes, quanto para o governo. Os imigrantes que decidirem participar do programa não enfrentarão restrições legais para retornar ao país posteriormente.

''Se você está aqui (nos EUA) ilegalmente, a autodeportação é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os Estados Unidos e evitar a prisão. O DHS (Departamento de Segurança Interna) agora oferece assistência financeira para viagens a imigrantes ilegais e um auxílio para retornar ao seu país de origem por meio do aplicativo CBP Home'', disse Kristi Noem.

O departamento afirmou que o programa deve gerar uma economia de até 70% nos custos de deportação, e que a medida já entrou em vigor. Segundo o governo norte-americano, um cidadão de Honduras foi o primeiro a utilizar a iniciativa para retornar ao seu país, partindo de Chicago, e "bilhetes já foram reservados para os próximos dias".

Críticas

Aaron Reichlin-Melnick, pesquisador sênior do Conselho Americano de Imigração, criticou a abordagem do Departamento de Segurança Interna (DHS), afirmando que é uma "mentira incrivelmente cruel" afirmar que os imigrantes, ao saírem do país, "manterão a possibilidade de retornar aos EUA legalmente no futuro''. Em uma publicação nas redes sociais, Reichlin-Melnick destacou que ''muitas pessoas que poderiam ver isso como uma opção ficariam em uma situação jurídica ainda pior''. Para ele, a iniciativa seria uma verdadeira ''armadilha''.