Rússia denuncia violação de túmulos de heróis soviéticos por autoridades ucranianas

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou como uma demonstração da "absoluta natureza anti-humana" do regime de Kiev a exumação de túmulos de soldados soviéticos no complexo memorial Colina da Glória, na cidade de Lvov, no oeste da Ucrânia.

Em declarações ao jornal Izvestia, Zakharova denunciou que essas ações representam uma "profanação blasfema da memória", especialmente graves no ano do 80º aniversário da vitória sobre o nazismo.

Contexto

As autoridades de Lvov iniciaram o desmantelamento de monumentos e a exumação de túmulos do Exército Vermelho no complexo, onde estão enterrados mais de 200 soldados soviéticos mortos na Primeira Guerra Mundial e na Grande Guerra Patriótica, incluindo combatentes que libertaram a cidade dos nazistas em 1944. Em janeiro, o comitê executivo da prefeitura autorizou a transferência do memorial e a exumação dos restos mortais para posterior reenterro.

Como URSS libertou Europa do nazismo: uma história que o Ocidente tenta reescrever

Entre os restos, está o túmulo do lendário agente soviético Nikolai Kuznetsov, que atuou em territórios ocupados pela Alemanha nazista e morreu em março de 1944 lutando contra os partidários de Stepan Bandera.

Ucrânia destrói sua própria história

A diplomata ressaltou que o fato ocorre no ano do 80º aniversário da vitória do Exército Soviético — vitória da qual os atuais membros do governo ucraniano devem sua própria existência — sobre o fascismo: "E, precisamente neste ano, o regime de Kiev [...] começa a zombar com particular cinismo e crueldade da memória de seus próprios antepassados", afirmou.

Segundo Zakharova, foi apenas graças aos esforços do Exército Soviético que a Ucrânia conseguiu resistir ao avanço dos fascistas, que planejavam apagá-la, junto com seus habitantes, da face da Terra. Sobre o processo em si, ela declarou: "O que chamam de reenterro nem sequer é uma exumação no sentido legal e estrito, é uma profanação blasfema da memória".

Ela afirmou ainda que, em vez de honrar os soldados do Exército Vermelho, o regime de Kiev está exumando seus corpos às pressas "com escavadeiras ou pás", de modo a impedir cerimônias de homenagem. Nesse sentido, destacou que o objetivo de Kiev é "demonstrar ao Ocidente sua lealdade para desvincular-se do que na realidade é a verdadeira memória histórica".

Por sua vez, o porta-voz oficial do Kremlin, Dmitry Peskov, ressaltou que os políticos ocidentais fecham os olhos diante dos "nazistas com tochas acesas" na Ucrânia. Ele também alertou que o nazismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial começou da mesma forma como agora se desenvolve na Ucrânia.