Inteligência alemã qualifica como 'extremista' o partido mais popular do país

Em meados de abril, uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos mostrou que o Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) possui o maior apoio entre todos os partidos do país.

O Escritório Federal para a Proteção da Constituição da Alemanha, responsável por atividades de contrainteligência, classificou oficialmente o partido de oposição Alternativa para a Alemanha (AfD) como uma organização ''extremista de direita''.

O órgão afirmou que a decisão foi tomada ''em razão do caráter extremista do partido como um todo, que despreza a dignidade humana''.

Segundo o comunicado, a visão étnica ''que prevalece no partido não é compatível com a ordem democrática livre e fundamental''. Dessa forma, tais ideais buscam impedir que diversos segmentos da população participem de forma igualitária da sociedade, os submetendo a um tratamento que não está de acordo com a Constituição, explicou a entidade.

''Particularmente, a AfD não considera os cidadãos alemães com histórico de imigração de países muçulmanos, por exemplo, como membros iguais do povo alemão'', detalha o comunicado.

O órgão declarou que essas ideias servem de ''base ideológica para agitação constante contra determinadas pessoas ou grupos de pessoas''. ''Em especial, a atual agitação contra refugiados ou migrantes alimenta a disseminação e o aprofundamento de preconceitos, ressentimentos e medos em relação a esse grupo de pessoas'', acrescentou.

Comentando a notícia, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, Dmitry Medvedev, declarou que a denominação de ''organização extremista'' significa ''palavras fortes contra um partido parlamentar''.

''Aparentemente, a CDU/CSU [a União Democrata-Cristã], o SPD [o Partido Social-Democrata da Alemanha] e outras trivialidades dos partidos alemães consideram extremistas aqueles que têm as maiores taxas de aprovação'', afirmou.

Reação dos EUA

O bilionário americano Elon Musk criticou a classificação do Escritório, classificando-a como um ''ataque extremo à democracia''. ''Proibir o partido centrista AfD, o mais popular da Alemanha, seria um ataque extremo à democracia'', afirmou.

Por sua vez, o senador e secretário de Estado americano Marco Rubio declarou que a Alemanha ''acabou de conceder novos poderes à sua agência de espionagem para vigiar a oposição'', ressaltando que ''isso não é democracia, é tirania disfarçada''.

Rubio afirmou que Berlim deve ''mudar de rumo''. ''O que é verdadeiramente extremista não é a popular AfD– que ficou em segundo lugar nas eleições recentes –, mas sim as políticas letais de imigração com fronteiras abertas do governo, às quais a AfD se opõe'', declarou.

Além disso, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, comparou a ação do governo alemão a uma reconstrução simbólica do Muro de Berlim .

Em publicação na rede social X, ele afirmou que ''a AfD é o partido mais popular da Alemanha, e de longe o mais representativo do Leste alemão''.

Ideias da AfD