A Ucrânia terá que fazer concessões à Rússia para garantir sua sobrevivência e manter o apoio militar do Ocidente, afirmou o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, em entrevista publicada nesta terça-feira (29) pelo jornal New York Times.
Stubb comparou a situação ucraniana com a de seu próprio país, que participou da ofensiva nazista contra a URSS em 1941 na tentativa de recuperar territórios perdidos.
Como consequência, a Finlândia sofreu restrições militares e manteve a neutralidade durante a Guerra Fria, aderindo formalmente à Otan apenas em 2023.
O presidente finlandês disse considerar que a existência de um Estado depende de três pilares: território, soberania e independência.
Ele declarou desejar que a Ucrânia mantenha todos, mas admitiu que concessões territoriais podem ser inevitáveis diante da realidade no campo de batalha. "Se conseguirmos pelo menos dois dos três para a Ucrânia, acho que será ótimo", disse.
"Armar até os dentes"
Stubb também comentou a proposta dos EUA para um eventual acordo de paz que incluiria o reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia e a manutenção do controle russo sobre os territórios que se reunificaram ao país — proposta rejeitada por Kiev e Bruxelas.
"O que estou sugerindo agora é que temos que reformular essas duas propostas em algo que dê uma chance de chegar a um acordo agora mesmo", afirmou, acrescentando que, em algum momento, Moscou e Kiev terão que negociar diretamente.
Caso seja alcançado um cessar-fogo, Stubb defende que os países da União Europeia armem a Ucrânia "até os dentes", com apoio dos Estados Unidos. Para ele, a prioridade no momento é "maximizar a pressão" sobre o presidente russo, Vladimir Putin.
- Na segunda-feira (28), o Kremlin reiterou que Moscou está disposta a iniciar "negociações de paz com Kiev sem pré-condições, com o objetivo de eliminar as causas fundamentais da crise ucraniana".