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Lavrov: 'A proposta de Putin é iniciar negociações diretas sem precondições'

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia viajou ao Rio de Janeiro para participar da reunião dos chanceleres dos BRICS.
Lavrov: 'A proposta de Putin é iniciar negociações diretas sem precondições'

O ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou em entrevista coletiva durante sua visita oficial ao Brasil que os líderes europeus estão insistindo em um cessar-fogo no conflito ucraniano somente porque já entenderam que não podem infligir uma derrota estratégica à Rússia e pretendem se aproveitar da pausa das combates para rearmar o regime de Kiev.

"Sabemos qual é o preço desses apelos por uma trégua. Os líderes da União Europeia, [Alta Representante da UE para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança] Kaja Kallas e outros, estão dizendo que a Rússia deve aceitar incondicionalmente um cessar-fogo. [Eles fazem isso] apenas porque estão sendo derrotados no campo de batalha, e seus planos de infligir uma derrota estratégica a nós, à Rússia, jamais irão se concretizar. Todos entendem perfeitamente isso", afirmou.

"Nossa proposta é assim expressa pelo presidente [russo Vladimir] Putin: iniciar negociações diretas sem condições prévias", enfatizou Lavrov.

O ministro das Relações Exteriores enfatizou que "neste caso, o cessar-fogo é considerado uma precondição que será utilizada para continuar o apoio ao regime de Kiev e fortalecer suas capacidades militares".

Lavrov também revelou que, durante a reunião, os ministros das relações exteriores do BRICS discutiram a situação na Ucrânia por bastante tempo, sendo que a Rússia continua a manter firmemente sua posição sobre a necessidade de que sejam eliminadas as causas fundamentais da crise ucraniana.

Nesse contexto, Lavrov indicou que o lado russo delineou sua abordagem de resolução para o conflito, enfatizando suas causas fundamentais são as "tentativas de longa data de expandir a OTAN para o leste, até as fronteiras russas, o que cria ameaças diretas" à segurança da Rússia.

"A natureza destrutiva do ocidente"

O chanceler russo observou que as conversas dos ministros do BRICS destacaram a demanda do grupo por uma ação coletiva diante da "natureza destrutiva dos países do Ocidente coletivo", cujo "objetivo é continuar vivendo às custas dos outros e dar continuidade a práticas neocoloniais".

"Em uma tentativa de manter seu domínio ilusório e continuar ganhando vantagens competitivas às custas dos outros, a minoria ocidental prejudica a arquitetura econômica e financeira internacional", denunciou Lavrov.

O ministro prosseguiu destacando a necessidade de continuar trabalhando na reforma das instituições financeiras internacionais de forma a refletir "o real peso dos países do Sul Global na economia mundial".

Lavrov também observou que a Rússia apoia a reforma do Conselho de Segurança da ONU, sendo favorável às candidaturas de Índia e Brasil a membros permanentes do órgão.

Relações com os EUA

O diálogo entre Moscou e Washington não deve ser visto como algo "fora do comum" ou extraordinário, mas sim como um "simples retorno à normalidade", depois de anos de esforços do governo Biden para retratar a Rússia "como um pária, como um país em completo isolamento".

A maioria dos parceiros estratégicos e aliados de Moscou "veem a restauração do diálogo entre russos e americanos como uma vantagem", disse Lavrov. Nesse contexto, o ministro garantiu que Moscou fortalecerá suas relações com Washington de forma "transparente" e "sem menosprezar os fortes laços tradicionais" com os parceiros estratégicos da Rússia.

O ministro das relações exteriores da Rússia afirmou que é importante que os países do BRICS entendam como as relações entre Rússia e EUA estão se estreitando, e que este tópico foi abordado durante numerosos diálogos e conversas que manteve às margens da reunião dos ministros.

  • Lavrov chegou ao Rio de Janeiro no domingo (27) para participar da reunião de chanceleres do BRICS - presidida este ano pelo país latino-americano - realizada nos dias 28 e 29 de abril.
  • Nesses dois dias, o chanceler russo se reunirá com seus homólogos do Brasil, Mauro Luiz Iecker Vieira, da China, Wang Yi, de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, e da Bolívia, Celinda Sosa Lunda.