Os países da Comunidade do Caribe (Caricom) estão avançando com um plano para mitigar o agravamento da crise de governança do Haiti, criando um Conselho Presidencial de Transição (CPT) que possa dar os primeiros passos rumo à estabilidade de que a ilha precisa urgentemente.
Segundo um relatório da AP, o plano resultou depois que "a maioria dos partidos e coalizões haitianas apresentaram os nomes dos encarregados de encontrar novos líderes para o país", para que a ilha possa encontrar uma nova liderança em meio à anarquia que reina no país após o assassinato de Jovenel Moïse.
"Agora tudo depende dos haitianos, pois são eles que querem uma solução liderada pelos haitianos [...] Cabe a eles pegar a bola e correr com ela, sendo responsáveis pelo seu próprio destino", disse o ministro das Relações Exteriores do Suriname, Albert Ramdin, à AP.
O plano da Caricom foi anunciado na segunda-feira, na Jamaica, após uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Pouco depois da reunião, o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, prometeu renunciar ao cargo assim que o CPT for criado.
Conforme discutido, o CPT será responsável por nomear um primeiro-ministro interino para o Haiti e um Conselho de Ministros, bem como ajudar a organizar eleições gerais na ilha, um evento que não ocorre há quase uma década.
"Esperamos que isso seja um avanço para o Haiti", disse Ramdin sobre a proposta que a Caricom está acompanhando de perto para tentar normalizar a dura situação humanitária e política na ilha, que deixa toda a região e parte do mundo em alerta.
Sob a tensão das gangues
Enquanto as diferentes facções políticas haitianas definem seus representantes no CPT, o país continua sob a tensão das gangues armadas, que agora controlam 80% do território de Porto Príncipe, a capital do Haiti.
Os líderes das gangues, Jimmy Chérizier, conhecido como 'Barbecue', e Toto Alexandre, declararam que manterão sua luta armada para mudar a situação atual do país e impedir uma invasão estrangeira.
"Se eles acham que virão aqui e atirarão, massacrarão e estuprarão pessoas, então nós, nos bairros populares, que temos o sangue de (Jean-Jacques) Dessalines em nossas veias, nos levantaremos e lutaremos até a última gota de sangue", disse Chérizier ao UncapturedNews.
A situação política na ilha se deteriorou ainda mais após uma viagem de Ariel Henry a Nairóbi. Na sua ausência, Chérizier advertiu que, se o primeiro-ministro não renunciasse, o país estaria caminhando para um "genocídio".
O gatilho para essa nova crise foi o compromisso de Henry de organizar eleições somente até 31 de agosto de 2025. O político permanece em Porto Rico e foi declarado persona 'non grata' na República Dominicana, o que acabou impedindo-o de retornar ao seu país, onde todos os aeroportos estão fechados.