
Gastos com armas sobem no mundo e batem recorde desde o fim da Guerra Fria

Os gastos militares no mundo atingiram um novo recorde em 2024: foram 2,72 trilhões de dólares investidos, segundo dados divulgados na segunda-feira (28) pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, sigla em inglês).

O aumento foi de 9,4% em comparação a 2023 — o crescimento anual mais acelerado desde o fim da Guerra Fria.
O avanço acontece em meio à intensificação de conflitos e tensões geopolíticas em diferentes regiões, como o conflito na Ucrânia, a escalada de violência de Israel sobre a Palestina, e o aumento das tensões entre Índia e Paquistão.
De acordo com o SIPRI, mais de 100 países aumentaram seus orçamentos de defesa no último ano. A instituição alerta que a priorização da segurança militar pode trazer impactos sociais e econômicos duradouros, já que os recursos destinados à defesa acabam competindo com investimentos em áreas como saúde e educação.
Europa lidera lista
A Europa foi uma das regiões que mais impulsionaram o aumento: os gastos militares europeus (incluindo a Rússia) subiram 17% em 2024, ultrapassando os níveis registrados ao final dos anos 80, com o fim da Guerra Fria. A preocupação com a continuidade do apoio dos Estados Unidos à OTAN e a persistência do conflito na Ucrânia foram os principais fatores.
A Rússia –, que está em operação militar especial contra o regime ucraniano – destinou aproximadamente US$ 149 bilhões ao setor de defesa— um salto de 38% em relação a 2023 e o dobro do que gastava em 2015. O investimento militar representou 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB) russo e quase 20% de todas as despesas do governo.
Já a Ucrânia, mesmo enfrentando severas restrições orçamentárias, aumentou seus gastos em 2,9%, alcançando 64,7 bilhões de dólares. Em termos proporcionais, o regime de Kiev destinou 34% de seu PIB às despesas militares, o maior percentual registrado no mundo em 2024.
Segundo o SIPRI, "a Ucrânia atualmente direciona toda sua arrecadação tributária para o esforço de guerra".
Estados Unidos seguem como maiores investidores
Os Estados Unidos continuam liderando o ranking global: em 2024, o país investiu 997 bilhões de dólares em seu aparato militar, 5,7% a mais que no ano anterior. Sozinho, o governo norte-americano respondeu por 66% dos gastos militares da OTAN e 37% de todo o gasto militar mundial.
O crescimento dos investimentos em defesa, tanto entre grandes potências quanto em países de médio porte, reflete um cenário de instabilidade crescente, onde conflitos prolongados e disputas territoriais voltaram a dominar a agenda internacional.
Impactos sociais
O SIPRI chama atenção para os efeitos a longo prazo dessa tendência. O aumento maciço de recursos destinados à defesa pode comprometer investimentos sociais em diversos países, aprofundando desigualdades e afetando a qualidade de vida da população.
Com conflitos em aberto e novos focos de tensão surgindo, como entre Índia e Paquistão, a perspectiva é que os gastos militares continuem em alta em 2025.


