Surtos de doenças evitáveis crescem e apontam falhas na vacinação, diz OMS

Organização alerta para aumento global de sarampo, meningite e febre amarela, enquanto aponta a desinformação e crises humanitárias como alguns dos responsáveis pela queda na cobertura vacinal.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Unicef ​​e a Aliança Gavi alertaram nesta sexta-feira (25) que o número crescente de surtos de doenças evitáveis ​​em todo o mundo indica falhas graves na cobertura vacinal.

O comunicado foi feito durante a Semana Mundial de Imunização e pede ações políticas urgentes e mais investimentos em programas de imunização.

As agências citam como causas principais da queda nas taxas de vacinação a desinformação, o crescimento populacional, crises humanitárias e cortes no financiamento.

De acordo com as entidades, o sarampo tem ressurgido “de forma especialmente perigosa” desde 2021. Em 2023, os casos ultrapassaram 10 milhões, representando um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Nos últimos 12 meses, 138 países relataram infecções pela doença, sendo 61 com surtos considerados grandes ou disruptivos — o maior número desde 2019.

A meningite também apresentou alta. Só nos três primeiros meses de 2025, mais de 5.500 casos suspeitos e quase 300 mortes foram registradas em 22 países africanos. Em 2024, os casos foram 26 mil, com quase 1.400 mortes em 24 países da mesma região.

A febre amarela mostra crescimento tanto na África quanto nas Américas. No continente africano, 124 casos foram confirmados em 12 países ao longo de 2024. Já nas Américas, 131 casos foram registrados em ao menos quatro países, incluindo o Brasil.

Os dados apontam que 14,5 milhões de crianças ficaram sem receber todas as doses da vacinação de rotina em 2023, número superior ao registado em 2022 (13,9 milhões) e em 2019 (12,9 milhões). A tendência, segundo os especialistas, é de agravamento em 2025, caso não haja reversão imediata desse cenário.

Em nota, a OMS afirmou que é necessária "atenção política urgente e sustentada" para reverter a situação. No X (antigo Twitter), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou: "São mais de 4 milhões de vidas salvas a cada ano".

"Com imunização para todos, tudo é possível", apontou.  Segundo ele, "graças às vacinas, uma criança nascida nos dias atuais tem 40% mais chance de sobreviver ao seu 1º ano de vida do que há 50 anos".