Notícias

Atentado na Caxemira eleva tensão entre Índia e Paquistão

Crise diplomática se intensifica com suspensão de tratados, fechamento de fronteiras e ameaças de represálias militares.
Atentado na Caxemira eleva tensão entre Índia e PaquistãoGettyimages.ru / NurPhoto

A crise diplomática entre Índia e Paquistão escalou significativamente nesta semana após um ataque armado deixar ao menos 26 mortos na região da Caxemira.

Em resposta ao atentado, ocorrido na parte da Caxemira administrada pela Índia, ambos os governos adotaram medidas de retaliação, suspenderam acordos históricos e trocaram acusações mútuas de envolvimento com terrorismo.

Medidas adotadas

Na quinta-feira (24), o governo paquistanês anunciou o fechamento de seu espaço aéreo para companhias indianas, cancelou todos os vistos concedidos a cidadãos da Índia — com exceção de peregrinos sikh —, e suspendeu integralmente as relações comerciais com o país vizinho. Além disso, foi determinado um prazo de 48 horas para que todos os indianos deixem o território paquistanês.

As ações foram uma resposta direta à decisão de Nova Délhi em suspender o Tratado das Águas do Indo, acordo firmado em 1960 que regula o uso dos rios compartilhados. O governo indiano acusa o Paquistão de dar apoio a grupos responsáveis por atos de violência transfronteiriça.

Islamabad, por sua vez, rejeita as acusações e afirmou que qualquer tentativa de "interromper ou desviar o fluxo de água pertencente ao Paquistão será considerada um ato de guerra".

Segundo o gabinete do primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, "qualquer ameaça à soberania do Paquistão e à segurança de seu povo será enfrentada com firmes medidas recíprocas em todos os domínios". A nota foi divulgada após reunião com o Comitê de Segurança Nacional do país.

Impacto do ataque

O atentado que intensificou a crise aconteceu em Pahalgam, um destino turístico no Vale de Baisaran, na Caxemira indiana. Homens armados abriram fogo contra um grupo de turistas, resultando na morte de pelo menos 26 pessoas.

Sobreviventes relataram que os agressores saíram de uma floresta próxima, separaram os homens das mulheres e executaram vários civis à queima-roupa. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque até o momento.

A polícia indiana atribuiu a ação ao grupo Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão. Autoridades locais afirmam ter identificado dois cidadãos paquistaneses e um indiano entre os suspeitos.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, classificou o episódio como um "ato hediondo" e prometeu justiça. "Os responsáveis e seus apoiadores pagarão por isso", declarou. O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, também prometeu uma "resposta forte".

A Índia fechou a principal passagem terrestre com o Paquistão e iniciou a retirada de parte da equipe diplomática de Islamabad. O chanceler indiano, Vikram Misri, reforçou que o país só retomará a cooperação com o vizinho quando houver renúncia "confiável e irrevogável ao apoio ao terrorismo".

Disputa territorial

A Caxemira, epicentro da atual tensão, é uma região de maioria muçulmana dividida desde 1947 entre Índia e Paquistão. Os dois países travaram três guerras por causa do território, que ainda é foco de insurgência por grupos separatistas. Desde 1989, rebeldes armados atuam na área buscando independência ou anexação ao Paquistão.

Nos últimos anos, a Índia intensificou a promoção da Caxemira como destino turístico, atraindo milhões de visitantes anualmente. Segundo dados oficiais, em 2024, cerca de 3,5 milhões de pessoas visitaram a região.

Islamabad nega seu envolvimento, enquanto a Índia mantém a posição de que o país vizinho abriga e financia grupos militantes. Autoridades paquistanesas alegam apenas apoiar o direito à autodeterminação dos caxemires.

Com o acirramento da retórica e das sanções mútuas, analistas internacionais temem uma escalada ainda maior entre as duas potências nucleares. Até o momento, não há sinalização de diálogo entre os governos.