O governo da Espanha decidiu cancelar um contrato de aproximadamente 6,6 milhões de euros com a empresa israelense IMI Systems, que previa o fornecimento de 15,3 milhões de munições à Guarda Civil.
A informação foi divulgada pelo jornal espanhol RTVE. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (23), ocorre em meio ao aumento das críticas internas à atuação de Israel na Faixa de Gaza.
A medida atende a pressões políticas vindas principalmente do Partido Socialista, liderado pelo presidente do governo, Pedro Sánchez, e de seu parceiro de coalizão, o Sumar, alinhado à esquerda.
Ambos os partidos, acompanhados por setores da oposição, vinham cobrando uma postura mais firme diante das ações israelenses no território palestino, apontadas por organizações internacionais como desproporcionais e violadoras de direitos humanos.
Fontes do governo afirmaram que a Espanha mantém um "compromisso firme com a causa palestina" e lembraram que, desde 7 de outubro de 2023, o país não realiza transações de armas com empresas israelenses. A posição, segundo essas fontes, deve ser mantida como política de Estado.
A revelação do contrato gerou reações imediatas dentro da própria base governista. Parlamentares do Sumar classificaram o episódio como a maior crise da atual legislatura, pressionando o PSOE a tomar medidas mais contundentes diante do envolvimento com empresas ligadas ao aparato militar israelense.
"O Esquerda Unida não vai tolerar que dinheiro público seja destinado a financiar um Estado genocida. Não basta pedir explicações. O PSOE provocou a maior crise desde que formamos o governo em 2020", afirmou Antonio Maíllo, dirigente do partido.
Israel condena decisão
A resposta de Israel veio com críticas severas à decisão espanhola. Em nota enviada ao jornal El País, o Ministério das Relações Exteriores israelense acusou o governo Sánchez de tomar uma atitude politicamente motivada, ignorando as implicações de segurança envolvidas.
"Israel condena veementemente a decisão do governo espanhol de cancelar unilateralmente um contrato assinado com a IMI Systems e seu anúncio de que se abstém de firmar futuros acordos de defesa com empresas israelenses", disse um porta-voz do ministério.
O governo israelense acusou a Espanha de estar "sacrificando considerações de segurança por objetivos políticos" e se posicionando do lado "errado" da história.
A decisão espanhola, embora criticada por Tel Aviv, reflete uma crescente pressão popular e institucional na Europa por uma revisão das relações com Israel diante dos pesados bombardeiros contra o território palestino.