Em uma cerimônia realizada por ocasião da visita do presidente do Chile, Gabriel Boric, à Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância da integração regional latino-americana.
''Nós, presidentes de países da América do Sul, precisamos entender que isolados, nós somos muito fracos. Nós não nascemos para viver mais de 500 anos como países pobres", declarou, destacando o imenso potencial de recursos como o petróleo e a agricultura brasileira.
Lula destacou ainda que blocos de integração são fundamentais para fortalecer a posição da América Latina em negociações com grandes potências: "Quando você vai negociar [sozinho] com uma grande potência, você fica vulnerável. É uma negociação leonina, um acordo de cláusulas que favorecem ao grande".
Na visão do brasileiro, é fundamental que essas instituições regionais sejam ''sólidas'' e operem ''independente do governo e da orientação política dos líderes regionais''. Ele ressaltou que ''a geopolítica do mundo não é feita de ocasiões, ela tem que ser perene''.
Desafios
Apesar das declarações, Lula reconheceu que a tarefa é desafiadora. Como exemplo, observou que apesar da longeva relação entre Brasil e Bolívia, a primeira ponte entre os dois países só foi materializada durante seu primeiro mandato - em alusão à Ponte Binacional Wilson Pinheiro - que conecta a cidade brasileira de Basiléia à cidade boliviana de Cobija.
"Nós ficamos de costas muito tempo, bajulando os ricos e desprezando os pobres, nossos parceiros''.
O brasileiro argumentou ainda que, durante muitos séculos, a América do Sul e o Brasil eram incentivados a se tratar como inimigos. Nesse contexto, recordou que o presidente Hugo Chávez lhe contou que, quando lecionava na academia militar, ensinava que o Brasil era o "inimigo": "Era com o Brasil que a América do Sul tinha que se preocupar, não com os espanhóis que foram colonizadores, e nem com os EUA. Era com o Brasil", afirmou, alegando que isso aconteceu em diversos países do continente.