Primeiros anos
Georgy Konstantinovich Zhukov nasceu em 1º de dezembro de 1896 no vilarejo de Strelkovka, na província de Kaluga. Seu pai, Konstantin Artemyevich Zhukov, de origem grega, trabalhava como sapateiro, enquanto sua mãe, Ustinya Artemievna Pilikhina, vinha de uma família camponesa.
Georgy era o segundo filho do casal. A irmã Maria havia nascido dois anos antes. Quando ele completou cinco anos, chegou o caçula Alexey, que viveu menos de um ano. As três crianças foram batizadas na Igreja Ortodoxa Russa.
Em 1908, mudou-se para Moscou para estudar e morar com um tio, dono de uma pequena oficina de trabalhos com couro. Paralelamente, matriculou-se em uma escola noturna, concluindo os estudos em 1911.
Carreira militar
Com o início da Primeira Guerra Mundial, o jovem Georgy foi recrutado pelo Exército. Em 1916, após treinamento, partiu para a Frente Sudoeste, onde combateu até sofrer um ferimento grave (perda parcial da audição), sendo transferido para um regimento de reserva.
Por bravura em combate, Zhukov recebeu a Cruz de São Jorge de 4ª e 3ª classes.
Em 1917, retornou a Moscou e, no ano seguinte, alistou-se no Exército Vermelho, onde atuou como comandante de cavalaria, combatendo forças anticomunistas e participando de confrontos no sul da Rússia durante a Guerra Civil.
Sua experiência nesse período consolidou habilidades táticas e de liderança, fundamentais para sua ascensão posterior.
Apesar de não ocupar posições de destaque na época, a guerra civil marcou o início de sua trajetória como um dos principais estrategistas militares soviéticos.
Em 1922, foi condecorado com a Ordem da Bandeira Vermelha por liderança habilidosa e coragem pessoal.
Em 1924, durante cursos de aperfeiçoamento na Escola Superior de Cavalaria do Exército Vermelho, Zhukov conheceu outro futuro comandante lendário: Konstantin Rokossovsky, que desempenharia um papel crucial na vitória final contra os nazistas.
Em maio de 1939, foi enviado à Mongólia, assumindo em junho o comando do 57º Exército Vermelho, integrado ao grupo de tropas de Chita, sob liderança de G. M. Stern.
Entre 20 e 31 de agosto de 1939, Zhukov liderou a bem-sucedida operação em Khalkhin Gol, cercando e aniquilando o 6º Exército Japonês. No início de setembro, as tropas inimigas já estavam expulsas da Mongólia.
Pela vitória, recebeu em 28 de agosto o título de Herói da União Soviética, com a Medalha Estrela de Ouro nº 435, além da Ordem da Bandeira Vermelha da Mongólia. O êxito em Khalkhin Gol contribuiu para que o Japão desistisse de atacar a URSS na Segunda Guerra Mundial – um feito que consolidou o prestígio de Zhukov.
Grande Guerra Patriótica (1941-1945)
Em 22 de junho de 1941, após a invasão alemã, Zhukov assinou as Diretivas nº 2 e nº 3 do Comissariado de Defesa do Povo, ordenando a resistência às tropas nazistas.
Em 29 de julho de 1941, foi afastado por Stalin da chefia do Estado-Maior Geral e designado para comandar a Frente de Reserva. Após o sucesso da Operação Yelninsky, assumiu a Frente de Leningrado.
No verão de 1942, organizou uma ofensiva em Rzhev para desviar forças alemãs de Stalingrado, marcando sua primeira contribuição decisiva na batalha.
Em setembro de 1942, coordenou a defesa de Stalingrado, articulando contra-ataques e participando da elaboração da Operação Urano, que cercou o 6º Exército alemão em Stalingrado e levou à rendição nazista em 1943.
No início de 1943, Zhukov coordenou as Frentes soviéticas na Operação Iskra, que rompeu o cerco a Leningrado.
Em 18 de janeiro de 1943, foi promovido a Marechal da União Soviética, tornando-se o primeiro a receber o título durante a guerra.
A partir de março de 1943, liderou a defesa do Bulge de Kursk, coordenando quatro Frentes. Após a vitória, organizou a perseguição aos alemães até o rio Dnieper.
Em fevereiro de 1944, assumiu a 1ª Frente Ucraniana. Na primavera, suas tropas executaram a Operação Proskurov-Chernivtsi, alcançando os Cárpatos.
Em 10 de abril de 1944, pela libertação da Ucrânia Ocidental, recebeu a Ordem da Vitória, a mais alta condecoração militar soviética, com a numeração 1.
No verão de 1944, planejou a Operação Bagration para libertar a Bielorrússia, ao lado dos marechais Vasilevsky e Rokossovsky. A estratégia de atacar em duas frentes simultâneas superou todas as expectativas.
Em novembro, comandou a 1ª Frente Bielorrussa na Operação Vístula-Oder, derrotando o Grupo de Exército Alemão "A" e libertando Varsóvia.
Em 16 de abril de 1945, as tropas soviéticas iniciaram a ofensiva final sobre Berlim. Enquanto a 2ª Frente Bielorrussa, sob Rokossovsky, neutralizava os tanques alemães, Zhukov liderou o cerco à capital. Após duas semanas de combates, o Exército Vermelho conquistou a cidade.
Na madrugada de 8 para 9 de maio de 1945, no subúrbio berlinense de Karlshorst, Zhukov aceitou a rendição incondicional da Alemanha nazista em nome da URSS.
Parada da Vitória
Em 24 de junho de 1945, a Praça Vermelha recebeu a lendária Parada da Vitória. Às 10h, sob os sinos do Kremlin, Zhukov entrou montado em um cavalo branco, enquanto Rokossovsky, comandante do desfile, cavalgava um garanhão preto.
Cada Frente enviou um regimento com representantes de todas as armas: infantaria, artilharia, aviação, blindados, cavalaria, comunicações e engenharia. Soldados rasos e oficiais marcharam sob o som da marcha "Viva, o povo russo", executada por uma banda de 1.400 músicos.
O ápice foi a coluna de soldados arrastando bandeiras e estandartes nazistas capturados.
Parada da Vitória dos Aliados em Berlim
Em junho de 1945, Zhukov tornou-se Comandante-em-Chefe das Forças de Ocupação soviéticas na Alemanha. Por sua iniciativa, em 7 de setembro de 1945, tropas da URSS, EUA, Reino Unido e França desfilaram juntas no Portão de Brandemburgo, marcando o fim da guerra.
Vida após a guerra
Após a Grande Guerra Patriótica, Zhukov foi inicialmente celebrado por Stalin como herói nacional, mas em seguida –,visto como uma "ameaça" devido à sua popularidade e prestígio – foi removido de cargos-chave em 1946, relegado a postos secundários no interior da URSS.
A relação permaneceu tensa até 1953, com Zhukov mantendo distância da política até a morte de Stalin, que marcou seu retorno gradual ao cenário político e militar.
Em 1955, Zhukov assumiu o Ministério da Defesa da URSS.
A partir de 1957, dedicou-se a escrever suas memórias, "Memórias e Reflexões" publicadas em 1969. O livro tornou-se referência sobre a guerra, com 12 edições na Rússia e traduções para 17 idiomas em 26 países.
Zhukov faleceu em 18 de junho de 1974. Suas cinzas repousam junto ao Muro do Kremlin, na Praça Vermelha.
Legado
Quatro vezes agraciado com o título de Herói da União Soviética e duas vezes condecorado com a Ordem da Vitória, ficou conhecido como o "Marechal da Vitória".
Georgy Zhukov é reconhecido mundialmente como um dos maiores estrategistas militares da história, cuja atuação decisiva contra o nazismo alterou o curso da história. Suas estratégias, incluindo o uso massivo de blindados e cerco tático, são referência nas maiores academias militares do mundo.
Honrado com monumentos, logradouros, obras literárias e até um asteroide, seu nome simboliza resistência e triunfo coletivo.
Georgy Konstantinovich casou-se duas vezes e teve quatro filhas: Maria, Era, Margarita e Ella Zhukova.