
Entenda como a descoberta de uma rocha pode demonstrar a existência de vida passada em Marte

Amostras coletadas e analisadas pelo rover Curiosity na cratera Gale, ao sul do equador de Marte, estão aproximando os pesquisadores da descoberta da possibilidade do planeta ter sido capaz de sustentar a vida em um passado distante, informou a Universidade de Calgary, no Canadá, na quinta-feira (17).

Os cientistas já há muito tempo acreditam que a atmosfera de Marte, no passado, continha dióxido de carbono suficiente para sustentar água líquida em sua superfície. Entretanto, as mudanças climáticas no planeta vermelho fizeram com que sua atmosfera se tornasse rarefeita a ponto de o dióxido de carbono começar a se petrificar.
A presença de minerais carbonados nas rochas marcianas poderia ser uma prova da existência dessa suposta atmosfera que existiu em um passado longínquo, mas as evidências eram tão escassas que os cientistas não conseguiam testar essa hipótese. Pelo menos até agora.
Descoberta sem precedentes
Um novo estudo publicado na revista Science relata que o rover Curiosity detectou grandes depósitos de siderita, um material composto de carbonato de ferro, no interior de rochas ricas em sulfato do Monte Sharp, localizado na Cratera Gale.
O geoquímico Benjamin Tutolo explicou que essa descoberta "representa um avanço surpreendente e importante" na compreensão da "evolução geológica e atmosférica de Marte".
Ele detalhou que a alta quantidade de "sais altamente solúveis nessas rochas e em depósitos semelhantes" detectados na maior parte do terreno marciano é evidência da "grande dessecação" pela qual o planeta passou durante "a drástica transição" de um clima quente e úmido para frio e seco.
Existência de vida em Marte?
Tutolo destaca que a recente descoberta sugere que "o planeta era habitável e que os modelos de habitabilidade estão corretos".
Entretanto, quando o dióxido de carbono, que "estava aquecendo o planeta", começou a se transformar em siderita, a "capacidade de Marte de se manter aquecido" foi afetada.
Os cientistas planejam estudar mais profundamente as regiões marcianas ricas em sulfato com o objetivo de confirmar as últimas descobertas.
Isso também contribui para uma melhor compreensão da história do planeta e de sua transformação climática, o que também pode auxiliar na compreensão de processos semelhantes na Terra.

